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Ex-Presidente da Ucrânia considera anexação da Crimeia “uma tragédia”
Viktor Yanukovich lamenta que a região da Crimeia tenha sido anexada pela Rússia e demonstra esperança em que a península volte a ser da Ucrânia.
Em entrevista à Associated Press e ao canal de televisão russo NTV, o Presidente ucraniano deposto em Fevereiro passado, Viktor Yanukovich (na foto), mostrou-se descontente com o rumo que os acontecimentos tomaram após a sua deposição da liderança da Ucrânia.
Yanukovich classificou a anexação da região autónoma da Crimeia "uma tragédia" que o ex-Presidente, citado pela BBC, garantiu, "pessoalmente não poder aceitar".
Mas aquilo que poderá parecer uma crítica às decisões do Presidente russo Vladimir Putin será, acima de tudo, um ataque às actuais autoridade de Kiev e uma tentativa de desestabilizar as novas autoridades do país.
"É a actual postura radical [do novo Governo ucraniano] contra a língua russa e as regiões com populações russófonas, e a tentativa de ditar como é que estas pessoas devem viver as suas
vidas, que resultou nos protestos das populações destes territórios", refere ex-Presidente, citado pelo "Russian Today".
Questionado sobre como os últimos acontecimentos que se estão a processar, Yanukovich respondeu com nova questão: "Como posso – enquanto Presidente da Ucrânia – sentir-me com o país a desintegrar-se?." No entender do Presidente deposto ainda é ele quem detém a legitimidade enquanto chefe máximo da Ucrânia.
Viktor Yanukovich, que voou para a Rússia dois dias depois da sua deposição, mantém, desde essa altura, que ainda é "o Presidente legitimamente eleito".
NATO teme invasão russa
Enquanto o Kremlin e o ex-Presidente continuam a considerar ilegítimo o Governo saído da votação de braço no ar na Praça da Independência em Kiev, a NATO permanece atenta às movimentações russas ao longo da fronteira com a parte oriental da Ucrânia.
Quanto à possibilidade de uma intervenção militar russa na Ucrânia foi o próprio Yanukovich a admitir, refere o site espano-brasileiro "Terra", ter pedido a Putin que interviesse militarmente na Ucrânia depois de, no dia 22 de Fevereiro, ter sido retirado da presidência do país.
Segunda-feira o ministério da Defesa russo anunciou a desmobilização da tropa de infantaria que permanecia em exercícios militares ao longo da fronteira com a Ucrânia, mas logo no dia seguinte a NATO desmentiu que algum movimento significativo de retirada tivesse acontecido.
Esta quarta-feira é o general da NATO, Philip Breedlove, a garantir que o complexo militar russo, de cerca de 40 mil soldados, disposto nas zonas fronteiriças com a Ucrânia tem a capacidade para invadir e ocupar a Ucrânia 12 horas depois de ser dada a ordem.
O general adverte que estas forças dispõem de "toda a logística necessária ao sucesso de uma incursão", escreve a cadeia de televisão norte-americana CNN.