Notícia
EUA designam China como “manipulador cambial” pela primeira vez em 25 anos
A guerra comercial entre os EUA e a China ganhou novos contornos esta segunda-feira, depois de Pequim ter determinado a desvalorização da sua moeda, como resposta às novas tarifas comerciais anunciadas por Washington. Os EUA jogaram agora uma carta que não era usada desde 1994, que pode implicar sanções económicas.
O Governo americano determinou que a China está a manipular a sua moeda, revelou o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, num comunicado emitido esta segunda-feira e citado pela imprensa internacional.
O Banco Popular da China fixou, esta segunda-feira, a taxa de câmbio nos 6,9 yuans por dólar, o nível mais baixo desce dezembro de 2008, o que provocou uma queda acentuada da moeda chinesa, que recuou para mínimos de 11 anos. A medida surge como resposta às novas tarifas anunciadas por Trump, que já hoje acusou a China de uma "grande violação", referindo-se à desvalorização cambial.
Ao final do dia, o Tesouro americano emitiu um comunicado onde diz ter designado a China como "manipulador cambial" e que vai envolver o Fundo Monetário Internacional (FMI) para eliminar a concorrência desleal.
A legislação americana determina três critérios para identificar manipulação entre os maiores parceiros comerciais: um excedente corrente significativo, um excedente comercial elevado com os EUA, e uma intervenção persistente nos mercados, explica a Reuters.
Depois de designar um país manipular, o Tesouro procura ter negociações de forma a corrigir a situação, desvalorizando a moeda em causa, com penalizações, como por exemplo a exclusão dos contratos de compras governamentais dos EUA, explica a agência de informação americana.
A última vez que os EUA designaram a China como manipulador cambial, ou seja, que colocou Pequim na lista negra cambial, foi em 1994.
Esta designação abre portas, explica a Associated Press, a que os EUA implementam outras sanções à China.
A tensão entre os dois países tem aumentado. Depois de vários meses a negociar - e a introduzir tarifas sobre bens importados de parte a parte - os EUA anunciaram na sexta-feira que iam aplicar tarifas sobre as importações chinesas, avaliadas em 300 mil milhões de dólares. Uma decisão que provocou quedas abruptas nos mercados mundiais.
Já esta segunda-feira veio a resposta de Pequim, com a fixação da taxa de câmbio nos 6,9 yuans por dólar. E a especulação de que a guerra comercial escale agora para uma guerra cambial disparou.
Os investidores temem que a tensão continue a aumentar e que o mundo esteja perante uma guerra que culmine com uma recessão económica mundial, liderada precisamente pelas duas maiores potencias. Além da queda abrupta das bolsas, com Wall Street a registar a maior descida desde o final do ano passado, o comportamento das "yields" estão a fazer soar os alarmes de uma recessão económica.