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Conversações entre Washington e Moscovo vão prolongar-se

O resultado daquele que foi o primeiro encontro entre altos responsáveis políticos dos Estados Unidos e Rússia foi um acordo para a prossecução de mais conversações, entretanto já retomadas. Nas regiões russófonas da Ucrânia a instabilidade não acompanha o início do processo diplomático de diálogo e, pelo contrário, sucedem-se acções que colocam em causa o novo poder político de Kiev.

David Mdzinarishvili/Reuters
05 de Março de 2014 às 19:17
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A diplomacia de Moscovo não compareceu ao encontro, desta manhã em Paris, entre os signatários do Acordo de Budapeste (Ucrânia, Estados Unidos, Reino Unido e a própria Rússia), que determinou o desmantelamento e entrega do armamento nuclear ucraniano a Moscovo, depois da implosão da União Soviética. Já durante a tarde o ministro dos Negócios Estrangeiro russo Sergei Lavrov e o seu congénere norte-americano, John Kerry, conversaram na capital francesa sobre o caminho que permita uma interrupção na escalada de tensão e violência que se vive na Ucrânia.

 

O resultado foi retomar de imediato o diálogo. Não se sabe a que horas vai terminar a reunião, mas é praticamente certo, de acordo com a generalidade da imprensa internacional, que as conversações serão prolongadas ao longo dos próximos dias. O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico William Hague congratulou-se, ao início do dia, com aquilo a que chamou o início do “processo de conversações diplomáticas”. Contudo, em território ucraniano a tensão e a possibilidade de confrontos avolumam-se indiferentes ao diálogo que prossegue em Paris.

 

Se por um lado Lavrov se recusou a reenviar as forças militares russas, estacionadas na Crimeia, para as bases daquela região, barcos russos interceptaram, em pleno Mar Negro ao largo da costa da península da Crimeia, um navio da marinha ucraniana e, de acordo com o “The Guardian”, soldados russos estão a patrulhar a embarcação ucraniana. Na principal cidade da zona mais oriental da Ucrânia, Donetsk, região onde a maioria da população é descendente russa, vários manifestantes pró-russos invadiram um edifício governamental depois de confrontos no qual a polícia saiu derrotada. As principais artérias do centro de Donekst assistem a manifestações onde os confrontos já não são excepção.

 

Também em Simferopol, capital da Crimeia, surgem confrontos entre manifestante pró-russos e apoiantes de uma Ucrânia unida. Em paralelo a toda esta situação o enviado especial das Nações Unidas, Robert Serry, para a Crimeia encontra-se fechado num café devido à gravidade dos protestos. É apenas um exemplo que demonstra como as ruas não estão, propriamente, a acompanhar o "o processo de conversações" que se desenrola em Paris.

 

Economia ucraniana soçobra

 

O primeiro-ministro em funções da Ucrânia, Arseni Iatseniuk, lembrou, esta quarta-feira, que a presença russa na Ucrânia “está a afectar de forma extremamente negativa a economia” deste país. Estão já em curso várias formalidades que podem permitir canalizar apoio financeiro à Ucrânia que, sabe-se, precisa de aproximadamente 25 mil milhões de euros para evitar a bancarrota.

 

O fim já decretado dos descontos no fornecimento de gás natural pela empresa pública russa Gazprom coloca dificuldades acrescidas às autoridades de Kiev. Apesar de existirem negociações entre Kiev e o FMI para um pacote financeiro de 3 mil milhões de dólares, e de tanto os Estados Unidos como a Europa estarem a preparar um pacote de apoio de mil milhões de dólares e de 11 mil milhões de euros, respectivamente, subsistem dúvidas sobre a capacidade socio-política, de um país à beira da desagregação, para inverter a conjuntura e recuperar uma economia perfeitamente estagnada.

 

Desde que os protesto na Praça da Independência em Kiev derrubaram o ex-Presidente pró-russos Viktor Ianukovitch, sucedem-se protestos em toda a região oriental da Ucrânia e na península autónoma da Crimeia. Apesar das garantias provenientes do Kremlin de que, neste momento, está colocada de parte qualquer intervenção militar na região, os desenvolvimentos desta tarde denunciam um recrudescer do sentimento separatista de uma parcela importante da população destas regiões.

 

A comunidade internacional quer ver “respeitada a integridade do território ucraniano” e Moscovo diz-se intransigente no que concerne à protecção e garantia dos direitos de todos os cidadãos descendentes russos que habitam em território ucraniano. Para já é muito difícil estabelecer para qual lado pode pender um ‘status quo’ que neste momento está envolto de grande indefinição.

 

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