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Com mais tarifas, EUA vão tornar-se um dos países mais protecionistas do mundo
Donald Trump anunciou que vai impor mais tarifas nos bens chineses. Esse passo fará dos EUA um dos países mais protecionistas do mundo, à frente de várias economias emergentes.
Num tweet publicado este domingo, o presidente norte-americano fez dois anúncios. O primeiro passa pelo aumento da tarifa de 10% para 25% que é aplicada a um grupo de bens no valor de 200 mil milhões de dólares.
A disputa comercial com a China, as divergências com o Canadá e o México (no âmbito do NAFTA) e as tarifas do aço e alumínio que incluíram a União Europeia fazem com que, em apenas num ano, os EUA percam o estatuto de um dos países do mundo menos protecionista para um dos mais protecionista.
A conclusão é de Torsten Slok, analista do Deutsche Bank, numa nota divulgada pela CNBC: "Se os EUA seguirem em frente com a mais recente ameaça da guerra comercial, vão aumentar o nível global de tarifas dos EUA para 7,5%, que é maior do que a de muitos mercados emergentes", escreveu o economista-chefe do banco alemão.US tariffs, already higher than most advanced economies, would rise higher than many emerging market countries if the new tariffs are put in place, making the US one of the leading protectionist countries in the work (chart from Torsten Slok, deutsche bank) pic.twitter.com/xLVhYSN6be
— Steve Liesman (@steveliesman) 6 de maio de 2019
Como é possível verificar no gráfico, os EUA ultrapassam assim o nível de tarifas aplicado pelas economias emergentes como a Índia, a Turquia, a Arábia Saudita e a própria China. O valor final para cada país é a taxa média de tarifas - no conjunto das trocas comerciais dessa economia - tendo em conta o peso dos bens a que são aplicadas.
Dentro das principais economias mundiais, só o Brasil - sob a liderança de Jair Bolsonaro, com quem Trump tem boas relações - manterá um nível de taxas aduaneiras mais elevado.
Ainda esta segunda-feira, 6 de maio, o presidente norte-americano voltou à carga no Twitter para defender a política comercial protecionista face à China. "Os Estados Unidos têm perdido, ao longo de muitos anos, 600 a 800 mil milhões de dólares por ano no comércio", escreveu Donald Trump, referindo que desse valor 500 mil milhões de dólares devem-se às trocas comerciais com a China. "Desculpem, mas não vamos deixar que essa situação continue", assegurou.The United States has been losing, for many years, 600 to 800 Billion Dollars a year on Trade. With China we lose 500 Billion Dollars. Sorry, we’re not going to be doing that anymore!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 6 de maio de 2019
Até este domingo, as negociações entre os EUA e a China pareciam estar encaminhadas para um desfecho amigável com o prolongamento das tréguas (impedia os países de aumentar as tarifas) firmadas em novembro do ano passado.
Contudo, segundo Trump, as discussões estão a evoluir "muito lentamente", surgindo esta nova ameaça como uma forma de pressão às autoridades chinesas. Em reação, a China parece estar a ponderar sair da mesa das negociações e o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, poderá cancelar a viagem aos EUA que estava marcada. Ainda assim, uma equipa do Governo chinês deverá ir a Washington.