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Temer defende legitimidade: "Os votos que Dilma recebeu, eu também recebi"

O Presidente interino do Brasil voltou a assegurar que programas sociais são para continuar, mas foi menos taxativo quanto à sua indisponibilidade para ser candidato nas eleições de 2018.

Reuters
Paulo Zacarias Gomes paulozgomes@negocios.pt 16 de Maio de 2016 às 11:38

O Presidente interino do Brasil, Michel Temer, defendeu a legitimidade democrática para ocupar o cargo, depois do afastamento temporário de Dilma Rousseff, alegando que os votos que a Presidente suspensa recebeu são também seus.


"Eu tenho uma legitimidade constitucional. Fui eleito juntamente com a senhora presidente, os votos que ela recebeu eu também recebi", argumentou o governante e ex-vice-Presidente de Dilma este domingo, 15 de Maio, em entrevista ao programa Fantástico, na TV Globo.


Admitindo ser um líder pouco popular – as sondagens mais recentes dão-lhe apenas 16% de expectativas positivas -, Temer disse que só ganhará apoio junto dos eleitores se conseguir trazer benefícios para o país mas que, numa primeira fase, está preparado para ser contestado devido às medidas duras que o seu Executivo promete implementar para controlar as contas públicas.


No mesmo dia em que foi conhecida a intenção do Governo de lançar um plano de privatizações em sectores como os correios, financeiro, infra-estruturas portuárias e aeronáuticas, Temer garantiu que os programas sociais colocados no terreno sob a liderança do Partido dos Trabalhadores não serão tocados, à semelhança do que já tinha assegurado o seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também à Globo.


"Se for necessário, cortarei de outros sectores", referiu, citado pelo jornal "Folha de São Paulo", garantindo a manutenção de apoio em sectores como a saúde.


O ministro do Planeamento, Romero Jucá, tinha anunciado na semana passada a avaliação dos programas sociais do Governo e a intenção de reduzir a estrutura administrativa do Estado em quatro mil cargos, com o objectivo de reequilibrar as contas públicas e retomar o crescimento.


De acordo com o Folha de São Paulo, o Governo trabalha agora com um cenário para o défice orçamental no final do ano que é cerca de 25% mais elevado do que contava o anterior Executivo sob liderança de Dilma Rousseff. Em vez do buraco de 96,7 mil milhões de reais (24,2 mil milhões de euros), a equipa interina de Temer espera um défice primário de mais de 120 mil milhões de reais (30 mil milhões de euros). Uma meta nova que tem de passar no Senado, sob pena de o Orçamento ter de ser bloqueado, paralisando a gestão pública, refere aquele meio.

No ar, o Presidente interino deixou no entanto a possibilidade de – ao contrário do que tem dito – vir a ser candidato às presidenciais de 2018. Apesar de referir não ser sua intenção apresentar-se às urnas (até diz que isso lhe dá maior liberdade para ser "impopular" nas medidas a aplicar), quando questionado sobre se essa possibilidade está completamente afastada, Temer responde desta forma: "É uma pergunta complicada, né. Em nenhuma hipótese... de repente pode acontecer".

A entrevista de Temer à Globo foi recebida com protestos ruidosos em cinco estados brasileiros (os denominados "panelaços", que no passado também visaram Dilma Rousseff por diversas ocasiões), com palavras de ordem como "Fora Temer" ou "Temer golpista".

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