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Alto quadro da Odebrecht em Angola alvo da Lava Jato

O nome de Antônio Carlos Daiha Blando está entre os visados pela 26.ª fase da operação judicial brasileira, que foi desencadeada esta terça-feira e que investiga contabilidade paralela dentro da construtora Odebrecht.

Bloomberg
22 de Março de 2016 às 16:23
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O nome do director superintendente da Odebrecht Infraestrutura para África e Portugal, Antônio Carlos Daiha Blando, está entre os visados pela 26.º fase da operação anti-corrupção Lava-Jato, que esta terça-feira, 22 de Março, foi desencadeada pelas autoridades brasileiras.

O nome do executivo consta do despacho do juiz Sergio Moro, que coordena as operações, estando entre os indivíduos que são alvo de mandados de busca e apreensão e de condução coerciva para a prestação de depoimentos.


A fase hoje iniciada alarga a operação para fora da Petrobras (que tem sido o principal foco de investigação) e centra-se na construtora Odebrecht, onde as autoridades dizem ter existido um sistema informático que garantia a contabilidade paralela utilizada para pagamento de luvas para obtenção de benefícios. O esquema teria funcionado até Novembro passado e seria, sustenta a investigação, do conhecimento do ex-Presidente Marcelo Odebrecht, condenado recentemente a 19 anos de prisão no âmbito da Lava Jato.


De acordo com a investigação, o nome de Daiha Blando constará de uma folha de cálculo apreendida, identificado pela sigla "DS ACDB", como tendo requerido 335 mil dólares (cerca de 300 mil euros) no âmbito do sistema paralelo instalado no Sector de Operações Estruturadas para pagamento a uma pessoa identificada como "PSA (2008)".


"Embora seja possível que alguns pagamentos tenham sido feitos a beneficiários de boa ­fé, é necessário esclarecer a causa e as circunstâncias das transacções, não sendo comum a realização de elevadas transacções em espécie, com entrega física de centenas de milhares de reais ou mesmo de milhões", refere o despacho de Moro.


No documento, o juiz refere que as buscas devem ser estendidas aos "executivos que solicitaram (…) os serviços de entrega ou de pagamentos do Sector de Operações Estruturadas da Odebrecht", incluindo Daiha Blando, para que se identifiquem "cada um desses pagamentos, os mecanismos utilizados, a identidade dos beneficiários e a causa dos pagamentos".

Ao Negócios, fonte oficial da Odebrecht Portugal esclareceu que Antônio Carlos Daiha Blando "não tem nada a ver com a actividade da empresa em Portugal".


A operação de investigação à corrupção e lavagem de dinheiro Lava Jato, no Brasil, entrou esta terça-feira, 22 de Março, na sua 26.ª fase, com a etapa denominada "Xepa" a visar uma vez mais a construtora Odebrecht e cargos dirigentes da empresa.


O procurador Carlos dos Santos Lima, um dos coordenadores da operação Lava Jato, afirmou esta terça-feira segundo o Folha de São Paulo que a construção da arena Corinthians – onde arrancou o campeonato mundial de futebol de 2014, esteve envolvida no pagamento de luvas por parte da Odebrecht. O vice-presidente do clube, André Luiz de Oliveira, terá recebido 500 mil reais (cerca de 124 mil euros) e foi um dos alvos das medidas de condução coerciva


A fase "Xepa" que hoje se iniciou - e que deriva da etapa "Acarajé", na qual tinha sido detido João Santana, o responsável pelas campanhas presidenciais de Lula da Silva e da actual Presidente Dilma Rousseff -, desenrola-se em oito estados e no distrito federal de Brasília, dando cumprimento a 67 buscas, 28 pedidos de condução coerciva, 11 detenções temporárias e quatro prisões preventivas, num total de 110 mandados.


São Paulo e Brasília estão entre as zonas visadas por esta fase, que foi desencadeada depois de análises anteriores em que foi detectado um esquema de contabilidade paralela na construtora para pagamentos a vários cargos públicos, incluindo na petrolífera estatal Petrobras.


A 26.ª etapa decorre um dia depois da fase "Polimento", que foi desencadeada esta segunda-feira em Lisboa e levou à detenção de Raul Schmidt Felippe Junior, que estava fugido à justiça desde Julho do ano passado. Sócio de um antigo director da Petrobras, Raul Junior terá pago luvas aos ex-directores da Petrobras, Renato Duque, Jorge Zelada e Nestor Cerveró, refere a justiça brasileira. A detenção foi feita pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária e a justiça brasileira pediu entretanto a extradição do ex-director da companhia petrolífera Petrobras.

(notícia actualizada às 18:17 com esclarecimento da Odebrecht Portugal)

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