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Angola pede ajuda ao FMI
As autoridades angolanas pediram ao FMI para negociar um programa de assistência económica e financeira. As negociações arrancam na próxima semana e o resgate deverá ter um prazo de três anos.
O governo angolano acaba de pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI). A revelação foi feita pela instituição sedeada em Washington, que diz estar "pronta" para apoiar Angola, um dos principais mercados das exportações portuguesas e um dos maiores investidores recentes em Portugal. O programa de assistência deverá ter o prazo de três anos.
"Recebemos um pedido formal das autoridades angolanas para iniciar negociações sobre um programa económico que possa ser suportado por assistência financeira do FMI", refere um comunicado da instituição presidida por Christine Lagarde.
"O FMI está pronto para ajudar Angola a enfrentar os actuais desafios económicos, com um pacote de políticas abrangentes para acelerar a diversificação da economia, salvaguardando a estabilidade macroeconómica e financeira", acrescenta o comunicado, segundo o qual as discussões com as autoridades angolanas sobre as condições e montantes do resgate serão iniciadas já no final da próxima semana, no quadro dos encontros de Primavera do FMI e do Banco Mundial que decorrem em Washington.
O programa de assistência deverá ter duração de três anos, prazo semelhante ao do ainda recente resgate da troika a Portugal, no qual o FMI entrou com um terço do empréstimo de 78 mil milhões de euros que foi pedido faz hoje precisamente cinco anos por José Sócrates.
A causa próxima do pedido de ajuda de Luanda reside na queda do preço do petróleo, matéria-prima de que dependem cerca de 80% das receitas públicas. "O declínio acentuado dos preços do petróleo desde meados de 2014 representa um grande desafio para os países exportadores de petróleo, especialmente para aquelas economias que ainda têm de se tornar mais diversificadas", refere o FMI.
Idêntica argumentação é apresentada pelas autoridades de Luanda. O Ministério das Finanças de Angola justifica este pedido de ajuda, numa nota colocada no seu site, devido ao "declínio dos preços do petróleo", acrescentando que o Governo pretende iniciar as negociações com o FMI "nos meados de Abril, durante as próximas reuniões da Primavera em Washington".
Segundo Luanda, as discussões com o FMI serão prosseguidas "pouco depois, em Angola, para definir claramente o âmbito de medidas de política económica a serem tomadas no quadro dos requisitos do Programa de Financiamento Ampliado (Extended Fund Facility – EFF), com forte foco em reformas para remover ineficiências, manter a estabilidade macroeconómica financeira, estimular o potencial económico do sector privado, e reduzir a dependência do sector petrolífero".
A par da queda do preço do petróleo, a desaceleração da actividade económica da China, principal mercado de Angola e um dos maiores investidores no país, terá também agravado as dificuldades, designadamente a escassez de liquidez o que levou a fortíssimas restrições na saída de divisas. Nas mais recentes previsões do FMI, Angola terá crescido 3,5% em 2015 e cresceria o mesmo neste ano - um ritmo que fica pela metade do observado nos anos anteriores.
O Ministério das Finanças, liderado por Armando Manuel, acrescenta que o Governo irá trabalhar com o FMI "para conceber e implementar políticas e reformas destinadas a melhorar a estabilidade macroeconómica e financeira, nomeadamente através da disciplina fiscal".
(notícia actualizada pela última vez às 15h30)