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As empresas expostas a Angola vão continuar em dificuldades?

A queda do preço do petróleo, que tem sido o abono de família de Angola, vai continuar a ter impacto negativo para as empresas portuguesas com actividade no país. Especialmente no sector da construção civil.

Celso Filipe cfilipe@negocios.pt 30 de Dezembro de 2015 às 10:30
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Só o milagre do aumento do preço do petróleo, que por estes dias parece uma impossibilidade, poderia abrir um horizonte de esperança para as empresas portuguesas com actividade em Angola.

O Orçamento do Estado angolano para 2016 foi feito tendo como base de referência o valor de 45 dólares para o barril de petróleo, sendo que o preço desta matéria-prima se encontra actualmente nos 37 dólares, circunstância que penalizará ainda mais as contas públicas angolanas.

Sem este volte-face, as empresas portuguesas expostas a Angola vão continuar a sentir dificuldades em 2016, tanto pela falta de investimento público, como pela diminuição da procura interna. O sector da construção continuará a ser o mais penalizado pela escassez de obra, mas o aperto irá fazer sentir-se em todos os sectores, das maquinarias aos produtos alimentares, passando pelo sector bancário. Acresce que os crónicos atrasos nos pagamentos a fornecedores por parte do Estado angolano se deverão acentuar, penalizando ainda mais as empresas.

Outro constrangimento que deverá manter-se ao longo do ano, afectando de forma substantiva a actividade das empresas e a vida dos expatriados será a dificuldade de repatriamento de capitais em função da escassez de dólares no sistema bancário, resultante do controlo férreo desta divisa que está a ser feito pelo Banco Nacional de Angola.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) já assinalava, em Agosto de 2015, que as contas externas de Angola "estão a enfraquecer em resultado do declínio acentuado das exportações petrolíferas e do pouco espaço para a substituição de importações no curto prazo", perspectivando apenas para 2017 a recuperação da economia angolana, "embora existam riscos de uma recuperação menor que a esperada, incluindo uma maior queda do preço do petróleo".

Uma das formas de mitigar esta retracção profunda da economia de Angola será a agilização dos processos de aprovação de investimento directo estrangeiro (IDE), uma tarefa que agora se encontra na alçada do presidente José Eduardo dos Santos. Para que tal se concretize, são necessárias mudanças. "O factor que determinará a atracção de IDE e a recuperação da economia será a indicação de que o País está seriamente comprometido em melhorar o ambiente geral de negócios, eliminando constrangimentos como o excesso de burocracia, ineficiência das instituições, o fornecimento intermitente de energia eléctrica, falta de qualidade das infra-estruturas e escassez de mão-de-obra qualificada", assinala Carlos Vaz, da Universidade Católica de Luanda, num artigo de opinião publicado no semanário Expansão.

AS EXPECTATIVAS
A dependência de Angola do petróleo continua a fazer estragos na economia, os quais irão demorar muitos anos a ser reparados.

ESPERANÇA NO IDE
Uma forma de acelerar e diversificar o crescimento da economia angolana poderá passar pela aceleração dos projectos de investimento directo estrangeiro (IDE) que agora estão nas mãos do presidente José Eduardo dos Santos.

ECONOMIA DIVERSIFICADA
É uma tese unânime: Angola só poderá recuperar se diversificar a sua economia e reduzir, de forma drástica, os custos de contexto. A esperança de muitos é que o sufoco actual force o governo a tomar medidas nesta direcção.

PETRÓLEO A DESCER
O Orçamento do Estado angolano contabilizou o preço do petróleo a 45 dólares. A realidade é que o valor actual do barril, 37 dólares, está bem abaixo dessa estimativa, o que causa uma pressão adicional sobre as contas públicas do país.

OBRAS PÚBLICAS
Os cortes nas obras públicas impostos pelo governo vão penalizar, de novo, a construção civil e todos os sectores que gravitam na sua órbita. O número de expatriados a trabalharem nesta área será reduzido significativamente.



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