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A aposta nas renováveis vai voltar?

O Governo deu o tiro de partida, ao assinalar que existe "margem" para apostar nas renováveis. O sector aponta que o solar fotovoltaico vai ser a "terceira revolução" das renováveis em Portugal, mas pede ao Governo para estabelecer regras claras.

André Cabrita-Mendes andremendes@negocios.pt 30 de Dezembro de 2015 às 00:01
Jean-Paul Pelissier/Reuters
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Quatro anos depois da paragem da aposta nas renováveis, com a chegada da troika e durante a primeira metade do Governo de Passos Coelho, tudo indica que a energia limpa vai voltar a acelerar.

Depois das minihídricas no final dos anos 1980, da energia eólica no virar do século, chegou agora a vez do grande solar. "O solar fotovoltaico é a terceira revolução na energia renovável em Portugal", aponta o presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN). "É a energia que tem menos expressão hoje em dia, mas que mais precisa de ser implementada e de ter uma estratégia definida", disse António Sá da Costa. Portugal conta actualmente com 450 megawatts de potência de grande solar e as estimativas apontam que em 2030 tenha uma capacidade instalada de nove mil megawatts. Para isto, Sá da Costa defende que é preciso associar ao desenvolvimento de centrais solar a criação de "uma ou várias fileiras industriais, como já se fez com o consórcio eólico Eneop".

O Executivo de António Costa já enviou um sinal de confiança aos investidores. "Temos margem para investir nas renováveis", disse recentemente o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches. O governante assegurou que esta aposta vai ser feita sem despesismos e prometeu acelerar os licenciamentos.

Sá da Costa deixa elogios à atitude do Governo de querer "reassumir a liderança que Portugal teve nas renováveis no passado". Apesar de ter "muita esperança" para este ano, deixa alguns avisos: "As coisas têm de ser feitas com os pés na terra. Tendo em atenção os custos para o consumidor – que vão ser inferiores com as renováveis –, a criação de emprego, e as vantagens económicas da independência energética face ao exterior com os combustíveis fósseis."

RENOVÁVEIS 3.0
O ano de 2016 pode vir a ser o ano zero da versão 3.0 das renováveis e da mobilidade eléctrica em Portugal. Mas ainda há muito a fazer. 

APOSTA DO GOVERNO
O Governo enviou um sinal de confiança aos investidores, ao garantir que tem "margem para investir nas renováveis". O sector aponta que a solar fotovoltaica vai ser a terceira revolução das renováveis em Portugal, mas pede a António Costa a criação de uma estratégia, à semelhança da eólica. 

REDE MOBI.E
A rede tem falta de manutenção e os carregamentos rápidos nunca chegaram, mas existem indícios de que tudo vai mudar na primeira metade deste ano. As novas regras contemplam o fim do monopólio da rede, mas vai ser preciso pagar para abastecer o carro.

FISCALIDADE VERDE?
Criada pelo ex-ministro Jorge Moreira da Silva, deu um forte contributo para o aumento das vendas de carros eléctricos. E agora? As regras vão ser para manter ou vai ter lugar o habitual marcha-atrás legislativo quando chega um novo Governo?

LICENCIAMENTO
O licenciamento de centrais solares e eólicas está a demorar bastante tempo. A Direcção-geral de Energia e Geologia (DGEG) tem falta de quadros e as demoras podem vir a travar investimentos. O Governo já prometeu dar uma "atenção especial ao licenciamento" para acelerar os processos.



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