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Standard & Poor’s avisa que ainda é cedo para subir o rating de Portugal

Em entrevista do DN, o economista-chefe da agência de notação financeira Standard & Poor’s defende que "ainda é preciso perceber se esta recuperação [económica] é sustentável" antes de uma decisão no sentido de retirar o rating da República portuguesa do nível considerado "lixo".

Miguel Baltazar
Negócios 31 de Maio de 2017 às 08:04
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Mesmo reconhecendo que "a recuperação da economia portuguesa é impressionante", Jean-Michel Six, economista-chefe da agência de notação financeira americana Standard & Poor’s, considera que "ainda é preciso perceber se esta recuperação [económica] é sustentável".

 

Em entrevista ao Diário de Notícias, publicada esta quarta-feira, 31 de Maio, o economista-chefe da S&P sustenta ser ainda muito cedo para tomar uma decisão no sentido de elevar o rating atribuído à República portuguesa, que permanece há já vários anos num grau de classificação considerado como "lixo".

 

Jean-Michel Six lembra que a economia portuguesa caiu muito, pelo que "o ponto de partida é muito baixo" e "qualquer pequena recuperação vai gerar níveis de crescimento espectaculares". Como tal, defende ser necessário "avaliar a sustentabilidade do crescimento a médio prazo e o impacto que terá na dívida ainda demasiado elevada".

 

Ainda assim, aponta a recuperação conseguida pela economia espanhola como um exemplo a seguir, para depois concluir dizendo que "temos a mesma esperança para Portugal". E diz ainda esperar que os números positivos conhecidos nas últimas semanas, como são exemplo o crescimento no primeiro trimestre ou o da taxa de desemprego, "não sejam apenas repentinos (…) mas que sejam resultado das reformas implementadas, algumas das quais muito difíceis".

 

Quanto à possibilidade de o Banco Central Europeu dar por terminado o programa em curso de compra de dívida pública dos países da Zona Euro, o economista-chefe da S&P assume que esse "é um risco para todas as dívidas soberanas, não apenas [para] Portugal", contudo mostra-se confiante de que a política expansionista da instituição liderada por Mario Draghi "ainda está muito distante".

Estas declarações vêm assim colocam alguma água fria sobre o avolumar de declarações de responsáveis governamentais e políticos portugueses que, nos últimos dias e a reboque dos sinais positivos dados pela economia portuguesa e da recomendação da Comissão Europeia para a saída do braço correctivo do Procedimento por Défices Excessivos (PDE), vinham dizendo ser já chegado o tempo de a classificação atribuída à dívida lusa ser melhorada.

 

Das quatro principais agências, só a canadiana DBRS mantém o rating de Portugal num nível considerado de investimento e não especulativo. O ministro das Finanças, Mário Centeno, abriu as hostes quando em entrevista à RTP 3 disse esperar que depois do Verão o rating de Portugal posse sair do "lixo", sendo que a Moody’s e também a S&P vão actualizar a classificação lusa em Setembro.


Seguiu-se Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, que defendeu que
"os números do défice, do crescimento económico e do emprego este ano justificam, naquilo que é a análise normal dos ratings, uma revisão". A quem se juntou o primeiro-ministro, com António Costa a mostrar-se confiante numa subida do rating considerando que "manter a avaliação do 'rating' hoje como se nada tivesse acontecido desde 2011 faz pouco sentido".

 

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, juntou a sua voz àqueles que esperam uma subida do rating nas revisões já agendadas para Setembro e também o comissário europeu para os assuntos financeiros, Pierre Moscovici, sustentou que o caminho percorrido por Portugal merece um olhar mais positivo das agências de notação financeira.


Já esta terça-feira foi a vez de Joseph Stiglitz
, professor da Columbia University, se pronunciar sobre o tema durante as Conferências do Estoril: "Espero que as agências subam o 'rating' de Portugal, devem subi-lo, há todas a razões para que o façam. Mas porque são [instituições] políticas, quem sabe o que elas vão fazer?".

 

Por sua vez, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, afirmou ontem que Portugal não deve viver "pendurado nas agências de rating", embora a líder bloquista reconheça que "as consequências que têm e os problemas para a dívida pública portuguesa" decorrentes da manutenção da dívida pública portuguesa num grau de investimento considerado especulativo.

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