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Investimento e exportações aceleram a economia no primeiro trimestre

O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirma o crescimento de 2,8% no primeiro trimestre do ano e explica que a aceleração face ao final de 2016 se deveu a uma recuperação do investimento e maior ímpeto das exportações de bens e serviços.

Pedro Elias/Negócios
31 de Maio de 2017 às 11:05
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Nos primeiros três meses de 2017 o consumo das famílias continuou a crescer, mas a um ritmo inferior ao de trimestres anteriores, e o consumo público recuou em termos homólogos. O que significa que a aceleração do crescimento nesse período veio essencialmente de dois factores: um desempenho das exportações que superou o das importações; e a continuação da recuperação do investimento.

O consumo privado, que tinha avançado 3% no último trimestre de 2016, cresceu agora 2,2%, devido a menos compras de automóveis, enquanto o consumo público caiu 0,4%, depois de ter estagnado nos três meses anteriores. Já o investimento (medido pela formação bruta de capital) registou o segundo trimestre consecutivo de crescimento, acelerando de 3,6% para 5,5%, graças a números mais positivos da construção. Tudo somado, a procura interna cresceu 2,2%. 

Na frente externa, tanto as exportações como as importações ganharam força, mas as primeiras superaram as segundas. A venda de bens e serviços ao exterior aumentaram 9,7% (inclui turismo), enquanto as importações avançaram 8%. 

Ainda assim, o crescimento económico de 2,8% continuou a vir essencialmente da procura interna: 2,3 pontos percentuais têm origem no consumo e no investimento; e 0,5 pontos vieram da procura externa líquida (exportações subtraídas das importações).

Investimento: FBC vs. FBCF

Existem dois indicadores que são usados pela comunicação social para se referir a investimento: a formação bruta de capital (FBC) e a formação bruta de capital fixo (FBCF). A diferença entre as duas está no facto de a primeira incluir a variação das existências (stocks das empresas) e aquisições líquidas de objectos de valor (bens não financeiros que não se deterioram fisicamente e são usados como reserva de valor, como pedras e metrais preciosos ou obras de arte). Devido ao ruído que estas duas últimas rubricas podem provocar, a FBCF é normalmente mais útil para avaliar o que se passa realmente no investimento, na forma como a maior parte das pessoas o entende. No primeiro trimestre, a FBC cresceu 5,5% e a FBCF 8,9%.


"O Produto Interno Bruto (PIB), em termos homólogos, aumentou 2,8% em volume no 1º trimestre de 2017 (2,0% no trimestre anterior). Esta evolução resultou do maior contributo da procura externa líquida, em consequência da aceleração mais acentuada das Exportações de Bens e Serviços que a observada nas Importações de Bens e Serviços. A procura interna manteve um contributo positivo elevado, embora inferior ao do trimestre precedente, verificando-se uma desaceleração do consumo privado e uma aceleração do Investimento", pode ler-se no destaque do INE.



Crescimento acima de 2% em 2017 é mais provável

Há duas semanas, o INE anunciou que o PIB tinha crescido 2,8% nos primeiros três meses do ano, o que superou as estimativas dos analistas. A variação homóloga de 2,8% - e um possível novo resultado forte no segundo trimestre – tornam provável que a economia portuguesa cresça acima dos 2% na totalidade do ano.

Actualmente, os bancos e universidades que seguem os dados de actividade já esperam um valor acima de 2% (desta vez, o Governo está entre os mais pessimistas, com uma estimativa de 1,8%). Caso se confirmem as previsões dos economistas, a economia terá o melhor desempenho desde 2007 e apenas a segunda vez desde 2001 a barreira dos 2% será ultrapassada.

"Em resultado do PIB do primeiro trimestre ter superado as nossas expectativas, revimos novamente em alta a nossa previsão de crescimento anual para 2017, de 2% para 2,3%", escrevia há duas semanas o Montepio, em reacção ao resultado do primeiro trimestre.

"O crescimento do primeiro trimestre vai por certo levar-nos a rever em alta o crescimento previsto para 2017 até porque o clima económico e o crescimento na zona Euro também parece estar a ser melhor do que o inicialmente antecipado", referia na mesma altura António da Ascensão Costa, em representação do ISEG. "Para Portugal o  crescimento do 1º trimestre torna possíveis e mais prováveis valores de crescimento razoavelmente acima dos 2% anuais."

A Universidade Católica não alterou a sua previsão, mas já via o PIB a crescer 2,4%, enquanto o BPI, que esperava apenas 1,5%, passou a admitir uma revisão também para valores acima de 2%.

Um maior dinamismo da economia são boas notícias para as empresas e para as famílias. Além disso, mais crescimento deverá significar mais receitas com impostos e menos gastos, por exemplo, com subsídio de desemprego. Ou seja, dá uma ajuda importante ao cumprimento da meta de défice para este ano, colocada pelo Governo em 1,5%.


(Notícia actualizada pela última vez às 12h50)
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