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Centeno vê economia a crescer mais de 3% no segundo trimestre
O ministro das Finanças diz, em entrevista à Reuters, que o crescimento económico é forte e vai acelerar, podendo ficar acima da previsão oficial do governo para o conjunto do ano. Eventual "folga" no défice será destinada a melhorar as condições de financiamento da economia.
Mário Centeno acredita que a economia portuguesa possa crescer a um ritmo homólogo superior a 3% no segundo trimestre e que, no conjunto do ano, a taxa de crescimento do PIB possa superar os 2%, ficando acima da previsão oficial do governo, actualmente fixada em 1,8%.
"Todos os indicadores que temos do segundo trimestre mostram uma aceleração homóloga muito significativa do crescimento. Isso pode significar, por exemplo, e esse número vou arriscá-lo, que o crescimento do segundo trimestre venha a ser superior a 3% em termos homólogos dada a aceleração que estamos a assistir", disse o ministro em entrevista à Reuters. " A partir daí, atingimos patamares da economia, em termos de funcionamento, que mostram tipicamente alguma sustentabilidade", acrescentou. A confirmar-se um crescimento acima de 3%, será omelhor desempenho trimestral desde 2000.
Questionado sobre se o crescimento poderá ficar claramente acima de 2% no conjunto do ano, Mário Centeno respondeu: "sim, acho que é pacífico afirmar tal coisa". "Há uma aceleração da actividade, essa aceleração está sustentada em exportações e investimento e é algo que tem condições de permanecer durante vários trimestres", precisou.
O Orçamento do Estado deste ano foi feito com base numa previsão de crescimento de 1,8%, após a economia ter crescido 1,4% em 2016 e 1,6% em 2015. Há uma semana, em conversa com deputados croatas em Zagreb, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu ser possível que Portugal atinja neste ano um crescimento económico à volta de 3,2% e um défice orçamental de 1,4% do PIB.
À Reuters, o ministro das Finanças resistiu avançar com um novo número, porque as "previsões são falíveis", mas disse não haver dúvida sobre o rumo. "Do ponto de vista da mensagem do Governo, o que gostava de manter é a mensagem que a economia tem um crescimento forte, sustentado e de facto em aceleração". "No Programa de Estabilidade projectamos uma aceleração da economia ao longo dos quatro anos do programa, é isso que é importante frisar", realçou o ministro, depois de chamar a atenção para o crescimento do emprego e para o "fenómeno novo de estarmos a convergir com a União Europeia". "E antecipamos que essa tendência de convergência se mantenha ao longo de todo o ano de 2017 e o desejo de todos é que ela se possa prolongar por 2018".
Eventual "folga" no défice será para abater à dívida
Questionado sobre o que o governo fará se, em virtude de um maior crescimento do PIB o défice ficar abaixo dos 1,5% previstos no Orçamento, o ministro responde que qualquer eventual "folga" será destinada ao que possa melhorar as condições de financiamento da economia. "A importância que este Governo dá às condições de financiamento da economia portuguesa é um objectivo central da governação porque elas não afectam apenas o Estado", mas também as empresas e as famílias, explicou, antecipando novos reembolsos antecipados ao FMI.
"Desta forma, melhoramos os indicadores gerais da nossa divida, maturidade mais larga e menor custo médio, garantindo a todos os participantes no mercado uma gestão cuidadosa das nossas responsabilidades. Esta não é uma nova política, mas permitirá concluir o reembolso antecipado deste empréstimo, especialmente oneroso para as contas públicas", argumentou o ministro.
Portugal pediu ontem aos seus pares europeus autorização para pagar antecipadamente cerca de 10 mil milhões de euros ao FMI. Em entrevista à Bloomberg TV, Mário Centeno disse que é essa por essa via, a par de uma política orçamental rigorosa, que o governo pretende inverter o crescimento da dívida pública, que ronda os 130% do PIB, e que dispensa condições mais vantajosas para pagar os empréstimos europeus, ao invés do que é reclamado pela Grécia e sugerido no recente relatório sobre a sustentabilidade da dívida criado pelo PS e Bloco de Esquerda.
(notícia actualizada às 17h20)