A recapitalização do Banif acrescentou 1,8 pontos ao défice orçamental do primeiro trimestre que assim ultrapassou a barreira dos dois dígitos para atingir os 10,6% do PIB,o valor mais alto desde a intervenção da troika em Portugal. Em causa estão 700 milhões de euros que inicialmente se admitiu que não tivessem impacto no défice orçamental.

O Estado recapitalizou o Banif em Janeiro com 1.100 milhões de euros, dos quais 700 milhões dizem respeito a compra de acções e 400 milhões a instrumentos de dívida convertíveis em acções (CoCo's). O plano inicial previa que o Banif procedesse a um aumento de capital de 450 milhões até ao final deste mês,o que não aconteceu.

O aumento de capital era essencial para evitar o impacto desta operação nas contas públicas. Se o Banif tivesse conseguido angariar os 450 milhões de euros junto de investidores privados,o Estado reduziria o peso da sua participação no banco e poderia evitar o registo dos 700 milhões de euros como despesa com impacto no défice.

Isto porque, nesse caso, a operação seria registada como uma aquisição de activos e não como uma injecção de capital, o que segundo as regras europeias de contabilidade não conta para o défice. As mesmas regras também excluem dessas contas os Coco's.

O atraso no aumento de capital deveu-se, pelo menos em parte, a atrasos nas negociações com a Direcção-geral da Concorrência sobre as medidas de reestruturação e recapitalização do banco.

O limite de défice orçamental acertado com a troika para o final do ano está nos 5,5% do PIB,mas exclui o dinheiro gasto com recapitalização das instituições financeiras. O Governo garante por isso que os objectivos não estão em causa.