Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Mário Centeno ao El País: “Há que domar o mercado, não combatê-lo”

Em entrevista ao jornal El País o ministro das Finanças garante que é preciso bater o pé a Bruxelas, porque nem sempre a Comissão tem a receita certa. A candidatura ao Eurogrupo mantém-se em aberto e, sobre os mercados, diz que é preciso domá-los, não lutar contra eles.

Miguel Baltazar/Negócios
09 de Agosto de 2017 às 14:23
  • ...

Por mais que isso desagrade à Comissão Europeia, as reformas estruturais levam tempo a produzir resultados. E por mais que Bruxelas não goste, é necessário conjugar Orçamentos restritivos com políticas que estimulem a procura, como é o caso das descidas de impostos e aumentos salariais. A lição de economia é deixada por Mário Centeno aos espanhóis, através de uma entrevista concedida El País, onde o ministro das Finanças sai em defesa do governo vizinho para garantir que Espanha não precisa de outra reforma do mercado de trabalho – "diga Bruxelas o que disser".

Questionado pelo jornal sobre o resultado da receita de política económica aplicada em Portugal, Mário Centeno lembra que, no início, "as coisas foram difíceis" com a Comissão Europeia, mas que a realidade desmente o cepticismo europeu. "Cumprimos as metas orçamentais e saímos do procedimento por défices excessivos", reclama o governante.

A lição fundamental que deve retirar-se disto tudo é que "as reformas necessitam de tempo" e de políticas de estimulo à procura para funcionarem.

Centeno sublinha que "esta não é  a receita de Bruxelas", mas que é preciso insistir na mensagem junto do Eurogrupo. E Portugal será a prova de que a receita "funciona". "Aprovámos orçamentos com restrições mas não estigmatizámos as politicas de procura. Seria preferível que fossem políticas de estímulo a nível europeu, porque os limites de países como Portugal são evidentes. Mas conseguimos estimular a procura e reduzir a carga fiscal", tudo dentro das regras europeus, reivindica o ministro das Finanças.

Aos espanhóis, que enfrentaram três reformas do mercado de trabalho em cinco anos, e vêem o desemprego a descer a troco de uma subida da precariedade, Mário Centeno desafia-os a desafiar a Comissão Europeia.

Uma nova reforma das regras laborais "é quase o contrário do que Espanha precisa: tem que haver reformas mas insisto que é preciso que se dê tempo para que elas funcionem". E as reformas devem ser feitas para fazer crescer a economia e não ao contrário. "Diga Bruxelas o que disser".

 

Não à reestruturação da dívida

Questionado sobre a reivindicação do BE e do PCP para uma reestruturação da dívida, Centeno volta a colocá-la de parte. Diz que o "debate é interessante", mas apenas no plano intelectual.

"Não sou partidário de uma reestruturação" até porque "não se pode lutar contra o mercado. Há que domá-lo, não combatê-lo", resume.

Apesar de integrarem formações políticas concorrentes, Centeno diz ter uma relação muito boa com o ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos, já que este "tem uma visão sobre a Europa distinta de alguns dos ministros do seu partido", que poderia ser aproveitada. 

Centeno continua a não descartar a possibilidade vir a ser presidente do Eurogrupo, como já afirmou, e atribui o facto de Portugal ser apontado para tantos lugares-chave na cena internacional ao "grande trabalho" da diplomacia portuguesa.

Ver comentários
Saber mais Mário Centeno ministro das Finanças procedimento por défices excessivos crescimento entrevista reestruturação da dívida pública El País
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio