Notícia
Recuperação europeia ganha fôlego com BCE a estudar saída
Dados económicos favoráveis, incluindo na segunda e quarta maiores economias da Zona Euro, reforçam trajectória de recuperação da região. Dados são conhecidos num momento em que o BCE pondera as hipóteses de redução de estímulos e ainda não vê pressões inflacionistas.
O desempenho das economias francesa, espanhola e austríaca surpreenderam pela positiva no final de Julho, e o indicador de sentimento económico da região atingiu o máximo de uma década. São novos sinais da recuperação em curso na região num momento em que o Banco Central Europeu (BCE) reflecte sobre as suas alternativas quanto a uma retirada de estímulos monetários na Zona Euro, no contexto de uma recuperação que já está a puxar pelo euro mas teima em não gerar inflação suficiente.
A economia francesa, a segunda maior da Zona Euro, cresceu 0,5% em cadeia no segundo trimestre, o que já acontece pelo terceiro trimestre consecutivo, puxada por mais exportações e consumo, revelou o instituto de estatística do país. Em termos homólogos o crescimento foi de 1,8%. Estes dados apontam para que "um crescimento provável de 1,6% em 2017. Isto seria o desempenho mais forte em seis anos", avaliou Diego Iscaro, da IHS Global Insight. O indicador de sentimento económico da Comissão Europeia revelou uma ligeira queda para França, o que acontece depois de um máximo atingido em Junho, puxado pela confiança da indústria e dos consumidores. Comércio, serviços e construção estão mais optimistas.
Espanha, a quarta maior economia do euro, também apresentou dados positivos. No segundo trimestre cresceu 0,9% em cadeia, acelerando face aos 0,8% dos primeiros três meses do ano, e recuperando finalmente o PIB perdido na crise – embora ainda com menos 1,9 milhões de empregos, nota o El País. Em termos homólogos o avanço foi de 3,1%. A confiança na economia também está em alta ainda que, tal como em França, tenha ajustado ligeiramente em baixa, após o máximo atingido no mês anterior no indicador da Comissão Europeia.
O final de Julho fica também marcado por boas notícias em várias outras economias de menor dimensão. A Áustria terá crescido 0,8% em cadeia no segundo trimestre, em linha com o trimestre anterior, mas acima das expectativas, revelando um bom desempenho no consumo, investimento e exportações. As previsões de crescimento para ano estão a ser revistas em alta para valores entre os 2% e os 2,5%.
Em Portugal, que divulga a sua primeira estimativa do crescimento trimestral em meados de Agosto, já se espera espera-se um crescimento homólogo no segundo trimestre entre 2,5% e 3%, isto enquanto o desemprego continua a cair, tendo atingido os 9% em Junho. Também a 28 de Julho ficou a saber-se que o banco central irlandês reviu em alta a previsão de crescimento para este ano de 3,5% para 4,5%.
Perante os sinais de retoma, o euro valorizou para 1,17 dólares durante a manhã, penalizando as acções europeias e evidenciando o dilema que o BCE enfrenta nos próximos meses: face à recuperação da economia qual deve ser a estratégia para a retirada de estímulos monetários, no contexto de um euro já forte, mas de uma retoma que não puxa pela inflação da região?
BCE não quer arriscar
Na última reunião antes das férias de Verão, o BCE reconheceu os bons resultados da economia, mas Draghi atirou para o Outono o debate e decisão sobre qual a estratégia a seguir. O banco central está a cobrar 0,4% aos bancos pelos depósitos em Frankfurt, está a emprestar-lhes dinheiro sem cobrar juros, e segue a comprar cerca de 60 mil milhões de euros de títulos por mês, com destaque para dívida pública, para baixar os custos de financiamento de longo prazo de empresas e governos.
A expectativa é que à medida que a recuperação Zona Euro ganhe fôlego, com mais criação de emprego e utilização da capacidade produtiva, surjam pressões inflacionistas que permitam o banco central retirar estímulos com a confiança que a inflação da Zona Euro caminha para a meta dos 2%, entendida como a estabilidade de preços que o BCE deve garantir.
Na mesma conferência de imprensa Draghi deixou claro que ainda não era este o caso, e que não pretende arriscar uma retirada de estímulos cedo demais: "A última coisa que podemos querer é um agravamento das condições financeiras que possa abrandar ou até desperdiçar o ajustamento [de preços e salários]" por que aguardamos, disse.
A sua cautela foi apoiada pelo FMI esta semana que, na avaliação anual à economia da Zona Euro, deixou clara a posição de Washington: "A política monetária deve permanecer firmemente acomodatícia até que a haja uma subida sustentável na trajectória da inflação", defendendo ainda que a promessa de juros baixos por vários anos "deve permanecer inalterada até que se justifique o contrário pela inflação verificada ou por evidência substancial que as perspectivas para a inflação melhoraram".
O Eurostat avança na terça-feira, 1 de Agosto, uma primeira estimativa para o crescimento da Zona Euro no primeiro trimestre, e a 16 actualiza o valor da inflação de Julho (em Junho foi de apenas 1,3%). O BCE volta a reunir a 7 de Setembro, com previsões próprias para crescimento e preços, mas antes, entre 24 e 26 de Agosto, Mario Draghi participa no encontro anual de banqueiros centrais organizado pela Reserva Federal em Jackson Hole, nos EUA, onde discursará.
A economia francesa, a segunda maior da Zona Euro, cresceu 0,5% em cadeia no segundo trimestre, o que já acontece pelo terceiro trimestre consecutivo, puxada por mais exportações e consumo, revelou o instituto de estatística do país. Em termos homólogos o crescimento foi de 1,8%. Estes dados apontam para que "um crescimento provável de 1,6% em 2017. Isto seria o desempenho mais forte em seis anos", avaliou Diego Iscaro, da IHS Global Insight. O indicador de sentimento económico da Comissão Europeia revelou uma ligeira queda para França, o que acontece depois de um máximo atingido em Junho, puxado pela confiança da indústria e dos consumidores. Comércio, serviços e construção estão mais optimistas.
O final de Julho fica também marcado por boas notícias em várias outras economias de menor dimensão. A Áustria terá crescido 0,8% em cadeia no segundo trimestre, em linha com o trimestre anterior, mas acima das expectativas, revelando um bom desempenho no consumo, investimento e exportações. As previsões de crescimento para ano estão a ser revistas em alta para valores entre os 2% e os 2,5%.
Em Portugal, que divulga a sua primeira estimativa do crescimento trimestral em meados de Agosto, já se espera espera-se um crescimento homólogo no segundo trimestre entre 2,5% e 3%, isto enquanto o desemprego continua a cair, tendo atingido os 9% em Junho. Também a 28 de Julho ficou a saber-se que o banco central irlandês reviu em alta a previsão de crescimento para este ano de 3,5% para 4,5%.
Perante os sinais de retoma, o euro valorizou para 1,17 dólares durante a manhã, penalizando as acções europeias e evidenciando o dilema que o BCE enfrenta nos próximos meses: face à recuperação da economia qual deve ser a estratégia para a retirada de estímulos monetários, no contexto de um euro já forte, mas de uma retoma que não puxa pela inflação da região?
BCE não quer arriscar
Na última reunião antes das férias de Verão, o BCE reconheceu os bons resultados da economia, mas Draghi atirou para o Outono o debate e decisão sobre qual a estratégia a seguir. O banco central está a cobrar 0,4% aos bancos pelos depósitos em Frankfurt, está a emprestar-lhes dinheiro sem cobrar juros, e segue a comprar cerca de 60 mil milhões de euros de títulos por mês, com destaque para dívida pública, para baixar os custos de financiamento de longo prazo de empresas e governos.
A expectativa é que à medida que a recuperação Zona Euro ganhe fôlego, com mais criação de emprego e utilização da capacidade produtiva, surjam pressões inflacionistas que permitam o banco central retirar estímulos com a confiança que a inflação da Zona Euro caminha para a meta dos 2%, entendida como a estabilidade de preços que o BCE deve garantir.
Na mesma conferência de imprensa Draghi deixou claro que ainda não era este o caso, e que não pretende arriscar uma retirada de estímulos cedo demais: "A última coisa que podemos querer é um agravamento das condições financeiras que possa abrandar ou até desperdiçar o ajustamento [de preços e salários]" por que aguardamos, disse.
A sua cautela foi apoiada pelo FMI esta semana que, na avaliação anual à economia da Zona Euro, deixou clara a posição de Washington: "A política monetária deve permanecer firmemente acomodatícia até que a haja uma subida sustentável na trajectória da inflação", defendendo ainda que a promessa de juros baixos por vários anos "deve permanecer inalterada até que se justifique o contrário pela inflação verificada ou por evidência substancial que as perspectivas para a inflação melhoraram".
O Eurostat avança na terça-feira, 1 de Agosto, uma primeira estimativa para o crescimento da Zona Euro no primeiro trimestre, e a 16 actualiza o valor da inflação de Julho (em Junho foi de apenas 1,3%). O BCE volta a reunir a 7 de Setembro, com previsões próprias para crescimento e preços, mas antes, entre 24 e 26 de Agosto, Mario Draghi participa no encontro anual de banqueiros centrais organizado pela Reserva Federal em Jackson Hole, nos EUA, onde discursará.