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FMI avisa Renzi: Vai ser preciso cortar nas pensões

O FMI antecipa que a economia italiana sofrerá, pelo terceiro ano consecutivo, uma nova contracção em 2014. Aplaude o pacote de reformas de Matteo Renzi, mas avisa que, se Roma quer controlar a despesa, terá de cortar nas actuais pensões de reforma.

Tony Gentile/Reuters
18 de Setembro de 2014 às 14:51
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Com uma dívida acumulada superior a 136% do PIB e necessidades de financiamento que superam o equivalente a 24% do que produz anualmente, as contas públicas de Itália são das mais vulneráveis a oscilações nos condições de financiamento oferecidas pelos mercados. Reduzir a despesa, como promete o primeiro-ministro Matteo Renzi, para abrir caminho a uma redução de impostos que possa tornar mais atractivo investir na economia transalpina, é o caminho acertado. Mas Roma não chegará suficientemente longe nas poupanças se não mexer nas pensões de reforma asseguradas pelo sistema público.

 

A advertência vem do Fundo Monetário Internacional (FMI), que acaba de publicar o relatório anual sobre a economia italiana, ao abrigo do artigo IV da instituição, no qual antecipa que 2014 será, de novo, ano de recessão.

 

"Alcançar poupanças substanciais na despesa obrigará a que se repense a elevada despesa social, em particular, as pensões actuais", alerta a instituição presidida por Christine Lagarde, segundo a qual, em resultado de uma população envelhecida, mas também de pensões generosas, Itália gasta com os mais idosos (com mais de 65 anos) sete vezes mais do que com o resto da população.

 

"A despesa pública está concentrada em benefícios sociais, correspondendo uma ampla fatia a pensões públicas (cerca de um terço da despesa primária, sem juros). Isso reflecte uma elevada percentagem de população idosa mas também um sistema generoso de pensões que assegura uma elevada taxa de substituição [dos salários]". Dentro da Zona Euro, refere o Fundo, só a Grécia canaliza uma maior fatia em favor dos seus reformados (absorvem 8,5 vezes mais recursos), seguindo-se Portugal e Eslováquia (cerca de seis vezes mais).

 

Em Abril, dois meses após ter tomado posse, o Governo de Matteo Renzi anunciou a intenção de cortar 34 mil milhões de euros à despesa pública para reduzir o défice em linha com o Tratado Orçamental e, simultaneamente, ganhar margem para baixar impostos.

 

Não obstante Renzi ter prometido implementar diversas reformas, (designadamente na justiça e no mercado de trabalho, tendo criado contratos em que o grau de protecção cresce com o tempo de trabalho), várias medidas ainda continuam na gaveta, designadamente – sublinha o FMI - a definição das áreas da despesa pública que devem suportar esses cortes.

 

"Itália precisa urgentemente de profundas reformas estruturais para libertar o seu potencial de crescimento e controlar os riscos decorrentes da sua elevada dívida", insiste o Fundo, que antecipa que a economia volte a contrair-se 0,1% neste ano, no que será o terceiro ano consecutivo de recessão, e que o desemprego atinja um novo recorde de 12,6%. O défice orçamental deverá permanecer em 3% do PIB, antes de cair para 2,1% em 2015.

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