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BCE avisa Itália para se preocupar com o défice
Apesar de Bruxelas valorizar o estabelecimento de um limite aos impostos sobre o trabalho, a instituição liderada por Draghi critica o facto de Roma “não ter feito progressos visíveis em relação à recomendação da Comissão Europeia” sobre a redução do défice orçamental.
Esta quinta-feira assinala o primeiro alerta para o recém indigitado primeiro-ministro de Itália, Matteo Renzi, depois de ontem a “super quarta-feira” lhe ter corrido de feição. O Banco Central Europeu (BCE), liderado pelo italiano Mario Draghi, avisou Roma para prestar maior atenção à recomendação da Comissão Europeia que defendia uma redução do défice em relação ao PIB para 2,6%, sendo que em 2013 ficou em 3%.
Renzi conseguiu aprovar esta quarta-feira, na câmara baixa do Parlamento, o desenho da prometida reforma eleitoral, mas também avançou com várias propostas de âmbito económico entre as quais se destaca a redução do “cuneo” fiscal. O objectivo é reduzir o limite de todos os impostos, directos e indirectos, que incidem sobre o factor trabalho. Segundo o “Corriere della Sera”, Renzi garante que todos os trabalhadores que recebem até 1.500 euros mensais vão beneficiar de mais 1.000 euros por ano graças à diminuição de impostos sobre os seus salários.
Outras medidas passam pelo aumento da carga fiscal sobre rendimentos financeiros e a redução do IRAP, que é um imposto regional sobre as actividades produtivas. A própria Comissão Europeia já referiu que o corte dos impostos sobre o trabalho é uma “boa medida” mas alertou para a importância de “respeitar os compromissos”, escreve o diário “La Repubblica”.
Foi esta também a mensagem substantiva das críticas dirigidas pela instituição liderada por Draghi. O BCE lembra que Itália “não fez progressos visíveis em relação à recomendação da Comissão Europeia” e insta o Governo de Roma a iniciar “os passos necessários” à colocação do défice “numa trajectória descendente”.
“A recomendação da Comissão Europeia, em Novembro de 2013, indicava a necessidade de mais medidas de saneamento que assegurassem o respeito pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento”, escreve o BCE. A instituição sediada em Frankfurt insiste na importância “de efectuar as intervenções necessárias” para fazer baixar o défice orçamental italiano.