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Renzi crítica "Europa burocrata e tecnocrata"
O primeiro-ministro italiano dirigiu um discurso aos deputados italianos onde voltou a insistir que Itália saberá dizer “onde cortar e onde não cortar”, numa alusão às críticas que têm surgido, um pouco por toda a Europa, contra as prioridades económicas que Renzi pretende assumir.
A conversa desta segunda-feira com a chanceler alemã, Angela Merkel, não influenciou o discurso do primeiro-ministro italiano. Matteo Renzi continua a defender a necessidade de mudanças nas orientações das políticas europeias: segundo Renzi, estas devem ser direccionadas "para os cidadãos".
"Devemos lutar contra uma Europa defensora da burocracia e da tecnocracia", defendeu Matteo Renzi no debate desta quarta-feira, no Parlamento italiano, que também serviu de preparação para a reunião desta quinta e sexta-feira do Conselho Europeu.
Matteo Renzi apontou baterias às críticas que têm sido dirigidas à orientação do seu Executivo e à proposta apresentada esta terça-feira, pelo comissário extraordinário Carlo Cottarelli, que
defende o despedimento de 85 mil funcionários da função pública o que "permitiria poupar pelo menos 5 mil milhões de euros em 2014".
Renzi assume a necessidade de melhorar a "eficiência ao nível da despesa pública" mas crítica a proposta do comissário Cottarelli que representa "a velha lógica dos cortes lineares" e um "regresso à lógica recessiva".
O recém indigitado primeiro-ministro quer apostar na redução dos impostos, directos e indirectos, que incidem sobre o factor trabalho e assumir o combate ao desemprego, em especial aquele que afecta os jovens italianos, como as grandes prioridades económicas para o que resta deste ano.
"O pacote de medidas que vamos apresentar à União Europeia não pretende obter um aval, porque o aval deve ser dado por este Parlamento", sublinha Renzi. O chefe do Executivo italiano garante que a revisão da despesa pública será "apresentada neste Parlamento" e apesar das propostas da Comissão Europeia "caberá a nós decidir", concluiu.
O "político veloz", como é conhecido em Itália, aludiu à figuração familiar para exemplificar que Itália deve manter a sua capacidade de decisão e o poder de definir as políticas e reformas necessárias a uma economia que enfrenta o maior período recessivo desde a Segunda Guerra Mundial: "Como a mãe e o pai de uma família, seremos nós a dizer o que fazer".
Na passada semana o presidente do Banco Central Europeu, o também italiano Mario Draghi, tinha pedido às autoridades romanas para terem em atenção a necessidade de controlo do défice. Draghi lembrava que Itália se havia comprometido com uma meta de 2,6% de défice face ao PIB, em 2013, mas que esta tinha ficado em 3% no final do ano.
A este respeito Matteo Renzi garantiu aos deputados que Itália "não foge" do compromisso, mas precisa que “aquilo que é necessário não é o abandono mas o respeito pela meta dos 3%, com uma modificação, que veremos se é possível, e que passa por passar da meta de 2,6% para os 3%”, resumiu.