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Bruxelas puxa orelhas à Itália e avisa França para nova derrapagem orçamental

A Comissão Europeia considera que a elevada dívida pública e perda de competitividade colocam Itália na zona vermelha. França está também a caminho do mesmo destino. Já a Alemanha tem de estimular a sua procura interna e investir mais, mas poderá escapar a uma vigilância apertada de Bruxelas, ainda que continue a exibir excedentes correntes elevados.

Tony Gentile/Reuters
05 de Março de 2014 às 14:22
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Numa avaliação ainda preliminar aos desequilíbrios macroeconómicos e orçamentais dos Estados-membros, a Comissão Europeia apontou nesta quarta o dedo a duas das maiores economias da Zona Euro, considerando, desde já, que Itália sofre desequilíbrios “excessivos” devido à elevada dívida pública e fraca competitividade externa e que França está a caminho de ser sujeita ao mesmo rótulo, caso se confirme que o respectivo défice orçamental falhou em 2013 e falhará neste ano as metas acordadas, que há pouco mais de um ano haviam sido já relaxadas.

 

Já a Alemanha deve reforçar a sua procura interna e o potencial de crescimento a médio prazo, designadamente através de mais investimento, mas Bruxelas sinaliza no relatório agora divulgado que não deverá considerar “excessivo” o seu elevado excedente corrente, o que dispensará a maior economia do euro de ficar sob vigilância apertada de Bruxelas.

 

“Itália deve enfrentar o seu elevado nível de dívida pública [na casa de 133% do PIB] e a sua fraca competitividade externa. Ambos estão, em última instância, enraizados no prolongado lento crescimento da produtividade do país e exigem medidas urgentes e decisivas para reduzir o risco de efeitos adversos sobre a economia italiana e sobre a da Zona Euro”, frisa Bruxelas, numa advertência dirigida ao novo primeiro-ministro, Matteo Renzi (na foto), que elegeu como prioridade a reforma eleitoral, não as reformas económicas.

 

A França, a par da Eslovénia, é advertida, por seu turno, para o risco de não cumprimento da meta orçamental recomendada para este ano. “No contexto do Semestre Europeu, em Junho, a Comissão reavaliará a situação geral no que respeita às obrigações decorrentes do Pacto de Estabilidade e Crescimento e, se necessário, proporá as medidas adequadas ao Conselho”, refere a Comissão que prevê que o défice francês se eleva a 4% neste ano e se mantenha praticamente inalterado em 3,9% em 2015, acima dos 3% prometidos.

 

“A contribuição dos grandes Estados-membros para o crescimento na Europa é importante”, sublinha Bruxelas. No caso da Alemanha, as prioridades de política devem centrar-se no “fortalecimento da procura interna e no crescimento a médio prazo”.

 

No caso de França e de Itália, devem “enfrentar os entraves ao crescimento a médio prazo, enquanto avançam com reformas estruturais e na frente da consolidação orçamental”. Já para Espanha, os termos de Bruxelas são mais simpáticos: “deve prosseguir com o bom processo de desalavancagem e de transformação estrutural da economia que irão contribuir para o crescimento sustentável e resolução dos problemas sociais”.

 

No seu relatório, no âmbito do "mecanismo de alerta de desequilíbrios macroeconómicos”,  a Comissão considera que 14 Estados-membros estão enfrentar algum tipo de desequilíbrio. É o caso da Bélgica, Bulgária, Alemanha, Irlanda, Espanha, França, Croácia, Itália, Hungria, Holanda, Eslovénia, Finlândia, Suécia e Reino Unido. No caso de Itália, Croácia e Eslovénia, alguns desses desequilíbrios são considerados “excessivos”.

 

Portugal, como os demais países sob programa da troika, é, por esse motivo, excluído deste exercício, uma vez que já se encontra sob vigilância extrema.

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