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Varoufakis: "Prefiro arrancar um braço" do que assinar um acordo que não inclua reestruturação de dívida

O ministro das Finanças da Grécia diz que não tem "direito moral" para assinar um acordo com os credores que não inclua uma reestruturação da dívida. Por isso, se o sim ganhar, Varoufakis já não será ministro das Finanças na segunda-feira. Segundo o governante, os bancos vão mesmo reabrir na terça, porque o país tem "uma crise política" e não uma crise bancária.

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02 de Julho de 2015 às 11:30
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O ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, afirmou esta quinta-feira, 2 de Julho, que não tem "direito moral" para assinar um acordo com as instituições credoras que não inclua a reestruturação da dívida da Grécia.

"Pessoalmente não vou assinar um novo acordo que não aprende com os erros do passado e que não aborda questões vitais como a sustentabilidade da dívida", assegura o governante. "Preferia arrancar um braço do que assinar um acordo que não inclua reestruturação de dívida".  

O ministro reiterou que a dívida da Grécia não é sustentável e que, desta forma, o país nunca conseguirá atrair investimento, essencial à recuperação da economia. "Eu sou o ministro das Finanças de um partido de esquerda, por isso não me perguntem a mim. Perguntem ao FMI. Eles acreditam que a dívida grega é sustentável? Claro que não", frisou. "Como podemos ter investimento se a nossa dívida não é sustentável? Se o próprio FMI o diz? Só temos tido investimento especulativo, dinheiro que entra e sai".

Por essa razão, Varoufakis garante que se demitirá se o "sim" ganhar no referendo de domingo. "Não serei o ministro das Finanças" na segunda-feira, se o sim ganhar, afirmou o governante grego, em entrevista à Bloomberg. Mas o ministro das Finanças poderá não ser o único a abandonar o seu cargo no Governo. "Provavelmente teremos de mudar a configuração do governo porque alguns não vão ter estômago", admitiu o ministro.

Contudo, a vitória do "sim" não é o cenário central para Yanis Varoufakis, que está confiante que o povo grego vai votar "não" no referendo de domingo, e rejeitar um acordo que, na sua opinião, impõe mais austeridade sem resolver os problemas da economia helénica.

No entanto, esclarece que o voto "não" não significa a saída da Grécia do euro. "Porque é que a Grécia está sempre à beira de colapsar ou de sair do euro? Queremos desesperadamente manter-nos no euro. A pergunta deve ser como nos mantemos no euro", esclareceu.

Questionado sobre as consequências directas dos dois veredictos possíveis do referendo, Varoufakis foi claro: "Temos dito que, se o sim ganhar, vamos assinar o acordo que estava em cima da mesa. Se o resultado for não, vamos começar as negociações para um novo acordo", garante. "E acreditem, haverá um acordo. Posso assegurar que na segunda-feira, se houver vontade politica, podemos ter um acordo em 24 horas".

O ministro grego das Finanças afiançou ainda que os bancos, encerrados devido a uma "decisão política", vão reabrir na terça-feira, 7 de Julho.

"Isto não é como o Chipre em 2013. Esta não é uma crise bancária", afirmou. A Europa tomou a "decisão política de encerrar os bancos" como forma de pressionar a Grécia a aceitar uma solução que não é viável.

No final da entrevista, o jornalista da Bloomberg perguntou ao ministro das Finanças porque é que não tem sido visto no multibanco a levantar os seus 60 euros por dia. "Tenho andado muito ocupado, de um encontro político para outro. Tenho cinco euros no bolso", respondeu Varoufakis. "Mas sim, eu e a minha esposa devemos ser os únicos gregos que não têm ido ao multibanco. Não vamos personalizar demasiado isto. Eu e a minha esposa vivemos uma vida muito frugal". 

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