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Varoufakis: “Conseguimos evitar uma sequência de muitos anos de sufoco de excedentes primários”

O ministro das Finanças grego mostrou satisfação pelo acordo hoje alcançado com os parceiros europeus, mas não deixou de atirar farpas àqueles que tentaram “asfixiar este novo Governo grego”. Varoufakis regozijou-se por se ter conseguido combinar, no mesmo acordo, “a lógica e a ideologia” e que permitiu fazer constar a expressão de “excedente primário apropriado”.

Reuters
20 de Fevereiro de 2015 às 21:40
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Conseguido o acordo que permite à Grécia beneficiar de um prolongamento de quatro meses dos empréstimos europeus, o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, declarou que "conseguimos evitar uma sequência de muitos anos de sufoco de excedentes primários".

 

Mas apesar da satisfação demonstrada, Varoufakis não perdeu a ocasião para criticar aqueles que tentaram "asfixiar este novo Governo grego". O governante grego retomou a retórica do Executivo liderado por Alexis Tsipras sublinhando que "temos de dizer não a propostas" que contrariam o mandato atribuído pelo eleitorado grego.

 

Assumindo contentamento pelo acordo de quatro meses de extensão dos empréstimos, face aos seis meses requeridos por Atenas na proposta apresentada na quinta-feira, Varoufakis contrariou as palavras de Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económicos, que na conferência de imprensa imediatamente anterior à do ministro grego disse que o acordo alcançado "não é ideológico".

 

"Combinámos duas coisas que imaginámos contraditórias: lógica e ideologia", proclamou Varoufakis enaltecendo ainda o comunicado oficial resultante do Eurogrupo hoje reunido em Bruxelas que demonstra o "respeito pelas regras e pela democracia".

 

Em resposta a uma questão colocada por um jornalista sobre qual o excedente orçamental primário que Atenas terá de cumprir, Varoufakis não referiu valores e anunciou que tudo dependerá da evolução da própria economia grega.

 

"Vamo-nos referir a um excedente primário apropriado", elucidou Varoufakis antecipando aquilo que poderá vir a constar no documento oficial. Antes, porém, o Executivo helénico terá de apresentar, na próxima segunda-feira, uma proposta com as medidas que pretende implementar.

 

Ainda assim, o antigo professor de Economia revelou que "o excedente primário terá de ser positivo", mas "as instituições (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) aceitaram que 2015 é um ano difícil", pelo que será ajustado tendo em conta "a evolução da situação no terreno". Ou seja, o excedente deverá ser definido em consonância com aquilo que a economia grega for capaz de produzir.

 

Este é talvez um dos principais objectivos alcançados pelo Governo grego depois de semanas de avanços e recuos nas negociações mantidas com os restantes credores. No programa de assistência em curso na Grécia, estava previsto um excedente orçamental primário (sem contar com a dívida) de 3% em 2015 e de 4,5% em 2016.

 

Atenas pretendia redefinir o excedente para apenas 1,5%, garantindo assim folga orçamental que permitisse implementar algumas das medidas inscritas no programa de Governo com que o Syriza foi eleito nas legislativas de 25 de Janeiro.

 

"Um país afogado em dívida pode ter democracia"

 

O resultado aparentemente positivo hoje obtido em Bruxelas surge depois de cedências, de parte a parte. Varoufakis notou que "evitámos medidas recessivas que estavam previstas no acordo anterior", mas concedeu que "concordámos não introduzir medidas unilaterais" que possam colocar em causa o equilíbrio orçamental e os compromissos que serão assumidos.

 

"Provámos que um país afogado em dívida pode ter democracia", atirou o ministro das Finanças que reforçou a ideia de que "mostrámos que estamos comprometidos em chegar a acordo com os nossos parceiros".

 

Contrariando, ou tentando contrariar a ideia de uma má relação com o presidente do Eurogrupo, Varoufakis quis "agradecer profundamente a Jeroen Dijsselbloem", porque "mostrámos que o Eurogrupo pode ajudar um país como a Grécia assegurando a liberdade necessária" de um país democrático.

 

Quando se aproxima um fim-de-semana de intenso trabalho para o Governo helénico, que terá de preparar um conjunto de medidas para apresentar aos credores na segunda-feira, o governante proclamou que "a partir de hoje começamos a ser co-autores do nosso destino e das reformas que queremos implementar".

 

A partir de agora "será uma relação entre iguais" porque o "isolamento" da Grécia no Eurogrupo "foi quebrado". 

 

(Notícia actualizada às 22h06 com mais declarações de Varoufakis)

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