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Referendo na Grécia: “Não” à proposta dos credores venceu com 61% (act)
Com 97,45% dos votos contados, a vitória do “não” no referendo à proposta apresentada pelos credores à Grécia já está garantida. Nesta fase o “não” segue à frente com 61,32% dos votos, face a 38,68% do “sim”.
O eleitorado grego garantiu a vitória do "não" no referendo que decorreu este domingo, 5 de Julho, na Grécia. Quando já estavam contabilizados 97,45% do total de votos, o "não" recolhia a preferência de 61,32% do eleitorado, face aos 38,68% conquistados pelo "sim". Assim, a vitória significativa do "não" veio contrariar as sondagens que ao longo da semana - mas também as projecções divulgadas este domingo à boca das urnas - apontavam para um resultado renhido entre o "sim" e o "não".
Ou seja, a população grega disse "não" à proposta apresentada pelas instituições credoras à Grécia no passado dia 25 de Junho e que, um dia depois, a 26 de Junho, levaram o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, a convocar a consulta popular que hoje teve lugar nas ilhas helénicas.
Confirmada esta tendência, o governo grego irá manter-se em funções, incluindo o próprio ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, que havia pré-anunciado a decisão de se demitir caso o "sim" vencesse. Pelo que o cenário de eleições antecipadas na Grécia parece agora estar colocado de parte.
Mas permanece uma densa nebulosa em torno do que o futuro ditará. Não sendo ainda conhecida nenhuma reacção dos principais líderes europeus, pouco deverá ser hoje antecipado. A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, irão encontrar-se amanhã, 6 de Julho, conversa que servirá certamente para avaliar as consequências da rejeição da população helénica às propostas dos credores.
Até porque, do lado europeu, foram vários os responsáveis, entre os quais o próprio líder do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, a mostrar a convicção de que este referendo serviria também para aferir da vontade dos gregos para continuarem a pertencer à Zona Euro. Interpretação desde logo rejeitada pelas autoridades gregas, que sustentaram, como foi o caso de Varoufakis, que não existe qualquer enquadramento legal que permita expulsar um país da moeda única.
Todavia, contrariamente ao prometido pelo governo helénico, dificilmente haverá um acordo entre Atenas e os credores nas próximas horas. Desde já porque ainda é preciso ouvir o que têm a dizer Merkel e Hollande.
Mas há mais dados em jogo. Desde já importa saber o que irá fazer o Banco Central Europeu (BCE). Depois de no fim-de-semana passado, o BCE ter rejeitado aumentar o tecto máximo da assistência de liquidez de emergência para a banca helénica (ELA, na sigla inglesa) – que assim permaneceu nos 89 mil milhões de euros – as autoridades helénicas viram-se obrigadas a decretar controlo de capitais no país e o encerramento dos bancos e da bolsa grega até, pelo menos, à próxima terça-feira, 7 de Julho.
Já este domingo, Gabriel Sakellaridis, porta-voz do Executivo grego, anunciou que ainda hoje as autoridades helénicas solicitariam à instituição presidida por Mario Draghi um novo aumento do limite máximo da ELA para os bancos gregos.
Mas antes de decidir entre um novo aumento ou a manutenção da ELA em 89 mil milhões de euros, o BCE terá de decidir se mantém, ou não, disponível a linha de emergência para a banca grega, isto numa altura em que a indefinição em torno do futuro grego se agudizou tendo em conta a vitória do "não". Vitória que poderá determinar um novo rumo nas conversações ao longo dos próximos dias.
(Notícia actualizada às 00h00)