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Grécia: Vassiliki Thanou já tomou posse como primeira-ministra
É a primeira vez que a Grécia tem uma primeira-ministra. A presidente do Supremo Tribunal, Vassiliki Thanou, tomou posse às 18h00 de Lisboa e manterá o cargo pelo menos até às eleições legislativas. Esta sexta-feira serão conhecidos os restantes membros do governo interino.
Vassiliki Thanou, presidente do Supremo Tribunal grego desde 1 de Julho deste ano, foi designada primeira-ministra interina pelo presidente da República, Prokopis Pavlopoulos. A designação ocorreu após Pavlopoulos ter recebido de volta, ao início da tarde, o "mandato exploratório" que havia sido atribuído ao líder do recém-criado grupo parlamentar Unidade Popular, liderado pelo ex-ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis.
Vassiliki Thanou, licenciada em Direito Europeu pela Universidade de Sorbonne, tem sido bastante crítica das medidas de austeridade impostas pela troika. Em Fevereiro passado, segundo o jornal grego Kathimerini, escreveu uma carta ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, onde referia que a austeridade estava a "destruir" o povo grego.
"As pessoas não são responsáveis pelos gastos públicos realizados pelos governos e pelos erros das políticas fiscais", escreveu Thanou nesta missiva dirigida a Juncker, acrescentando que "as medidas de austeridade falharam: a recessão continua e os mais ricos continuam a não pagar impostos".
Mesmo que de forma provisória, Vassiliki Thanou torna-se na primeira mulher a chefiar um Governo na Grécia, um país onde não vigora nenhuma obrigatoriedade paritária como é cada vez mais frequente em vários países europeus.
Esta sexta-feira serão também conhecidos os elementos que vão formar o próximo Executivo. O jornal grego To Vima antecipa já uma lista com 10 dos 16 nomes prováveis: Petros Molyviatis para os Negócios Estrangeiros; Giorgos Houliarakis para as Finanças; Nikos Christodoulakis para a Economia; Antonis Manitakis para ministro do Interior; Michalis Spourdalakis para a Reforma Administrativa; o tenente-general Yannis Giangos para a Defesa; Antonis Makrydimitris para a Ordem Pública; Froso Kiaou para a Educação; Christos Zois para os Transportes e Rodolfos Moronis para porta-voz do Governo.
Tsipras pediu a demissão do seu Governo na semana passada, um dia depois de o memorando de entendimento acordado entre Atenas e as instituições ter sido oficialmente aprovado pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). Ao entregar o pedido de demissão ao presidente grego, Alexis Tsipras recomendou a realização de eleições antecipadas o mais rápido possível.
Apesar de seguir à frente nas sondagens e nos índices de popularidade, Tsipras enfrenta um processo de cisão no seio da coligação de esquerda radical, cujo líder, Lafazanis, já anunciou pretender candidatar-se como força política autónoma às próximas legislativas. Neste momento, contabilizam-se entre 25 e 30 deputados que já terão abandonado o Syriza para integrar a mais esquerdista e anti-euro Unidade Popular. O programa político desta força é claro e passa pelo cancelamento do resgate e de parte da dívida pública helénica.
Em 25 de Janeiro, o Syriza conseguiu eleger 149 deputados, ficando a dois parlamentares da maioria absoluta. Para formar um Governo assente numa maioria parlamentar, a coligação de esquerda radical recorreu a uma coligação com os conservadores nacionalistas Gregos Independentes (Anel).
(Notícia actualizada às 19h19)