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Grécia pede novo empréstimo europeu e deixa cair perdão de dívida

O governo grego formalizou esta manhã o terceiro pedido de empréstimo aos demais países do euro. Pede um resgate para os próximos três anos destinado a cobrir as dívidas contraídas e recapitalizar de novo os seus bancos. Atenas deixou cair perdão de dívida e diz-se disposta a implementar na próxima semana reformas fiscais e nas pensões. Não explica em que moldes. Detalhes são esperados amanhã.

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Greece Seeks Three-Year Bailout
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Pela terceira vez em cinco anos, a Grécia formalizou esta manhã um novo pedido de resgate aos demais países do euro. Sem avançar com valores, na carta endereçada ao presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade, Klaus Regling, o ministro grego das Finanças, Euclid Tsakalotos, pede um empréstimo que possa estar disponível para os próximos três anos (em vez dos dois anos anteriormente referidos) e diz que este servirá para o país cumprir com as "obrigações da dívida grega e assegurar a estabilidade do sistema financeiro". Isso significa que a Grécia terá de manter excedentes orçamentais primários, de modo a ser capaz de pagar, designadamente, os seus funcionários e políticas públicas.

 

Nesse contexto, o governo compromete-se a implementar um "amplo programa de reformas e de medidas" –  que promete detalhar "o mais tardar" até amanhã, 9 de Julho – prometendo começar a aplicar "a partir da próxima semana" reformas no domínio dos impostos e das pensões, precisamente os que têm gerado maior controvérsia ao longo destes quase seis meses de negociações infrutíferas com a troika.

 

Na carta, o Governo grego assume "o compromisso de manter a Grécia na Zona Euro", compromete-se a honrar as suas obrigações financeiras a todos os seus credores de forma integral e atempada" e pede uma resposta positiva e rápida dos parceiros europeus. "Confiamos que os Estados-membros compreenderão a urgência do nosso pedido de empréstimo desta vez, dada a fragilidade do nosso sistema bancário, a fraca liquidez, as nossas obrigações vindouras, o crescimento dos pagamentos em atraso domésticos, e o nosso desejo expresso de honrar os pagamentos em atraso com o FMI e com o banco central da Grécia".

 

Dada a acentuada degradação da situação dos bancos gregos, é provável que o novo empréstimo europeu se aproxime mais de 50 mil milhões de euros do que os 30 mil milhões de que se falava há algumas semanas.

 

Exigência de perdão de dívida caiu

 

Sobre o alívio da dívida, os pedidos do governo grego são agora muito mais suaves. Não há referência a perdão nem a um calendário para uma nova renegociação das condições de pagamento. A carta refere apenas que a Grécia deseja regressar plenamente aos mercados o mais tardar no final dos três anos do novo empréstimo e que "congratula-se com uma oportunidade para explorar medidas que potencialmente possam ser tomadas" para que a dívida que tem com os demais países (dívida "oficial") "se torne sustentável e viável no longo prazo", retomando os termos de uma antiga promessa do Eurogrupo feita em Novembro de 2012, na sequência do segundo resgate à Grécia.

 

Já esta manhã, o porta-voz do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, confirmou que "o pedido de apoio ao MEE do Governo grego foi recebido". Disse ainda que o pedido será analisado esta quarta-feira pelo grupo de trabalho do Eurogrupo.

O responsável adiantou que não está programada qualquer teleconferência do Eurogrupo sobre a Grécia para hoje. Esta referência surge depois de ter sido noticiado que o Eurogrupo estaria preparado para realizar uma "conference call" assim que fosse submetida a nova proposta.

 

Sim ou 'Grexit' até domingo

 

Os líderes dos 18 parceiros do euro reafirmaram nesta terça-feira a sua disponibilidade para viabilizar o terceiro resgate, de modo a evitar que a Grécia entre em incumprimento e permaneça dentro da união monetária. Mas pela primeira vez desde que a crise das dívidas soberanas se abateu sobre a Zona Euro em 2010, disseram também aberta e publicamente estarem  preparados para uma saída da Grécia do clube.

"A situação é mesmo crítica e infelizmente não podemos excluir o cenário de um ‘Grexit’", afirmou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, no final de uma cimeira extraordinária convocada expressamente para debater a situação na Grécia depois da vitória do "não" ao anterior acordo, à qual Alexis Tsipras voltou a chegar sem propostas alternativas concretas.

O primeiro-ministro grego prometeu fazê-lo até ao fim desta semana, a par da formalização de um novo pedido de empréstimo ao Mecanismo Europeu de Estabilidade, que concretizou esta manhã, mas à cautela Tusk convocou para domingo uma nova cimeira extraordinária, agora alargada a todos os Estados-membros da União Europeia. " Esse é o ‘deadline’", afirmou. "Não tenho dúvida de que estamos a viver o período mais crítico da nossa história, pelo que ter os 28 à volta da mesa é plenamente justificado."

Ao seu lado, Jean-Claude Juncker voltou a sublinhar que a Comissão Europeia não quer a saída da Grécia do euro, mas depois de seis meses de avanços e recuos neste momento "temos o cenário de ‘Grexit’ preparado em detalhe", afirmou, acrescentando que tem também preparado um programa de ajuda humanitária para socorrer a população grega que se poderá ver mergulhada numa situação de ainda maior caos e de escassez de bens.

 

(notícia actualizada pela última vez às 13h50)

 

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