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São cada vez mais os bancos internacionais que antecipam um "Grexit"
Apesar de o "Grexit" ser um cenário que todos dizem querer evitar, há uma lista de bancos, cada vez maior, que antecipam a saída da Grécia da moeda única. "A saída é o cenário mais provável." Esta é uma visão partilhada por várias casas de investimento.
O Governo liderado por Alexis Tsipras oficializou esta quarta-feira, 8 de Junho, o terceiro pedido de resgate e apresentará hoje a proposta com detalhes aos credores. Depois do referendo helénico, que ditou a vitória do "não" às medidas de austeridade propostas pelos credores, Bruxelas tem defendido a manutenção de Atenas no euro, mas já houve quem admitesse um cenário de saída. O próximo domingo, 12 de Julho, surge como mais uma data-chave para a Grécia, no dia em que se vão realizar uma Cimeira do Euro e uma Cimeira Europeia, com o objectivo de assinar o acordo entre Atenas e credores.
No pedido de resgate assinado pelo novo ministro das Finanças da Grécia, Euclid Tsakalotos, o Governo helénico assume "o compromisso de manter a Grécia na Zona Euro" e de honrar as suas obrigações financeiras com todos os seus credores "de forma integral e atempada", não fazendo qualquer referência a perdão de dívida nem a um calendário para uma nova renegociação das condições de pagamento.
Apesar de a saída da Zona Euro ser um cenário que todos dizem querer evitar, há uma lista de bancos e analistas que antecipam a saída de Atenas do euro.
A Bloomberg compilou uma série de casas de investimento que dão uma maior probabilidade da Grécia abandonar a região que partilha a moeda do que permanecer.
Bank of America Merrill Lynch (por Gilles Moec, Ruben Segura-Cayuela, Athanasios Vamvakidis)
"Achamos que todos os ingredientes para o 'Grexit' estão reunidos e essa parece ser a inclinação natural a partir de agora, com a maioria dos estados-membros a aparentar seguir essa direcção. Acreditamos que ainda existe uma hipótese de evitar o 'Grexit', mas Tsipras terá de apresentar uma surpresa inesperada."
Barclays (por Francois Cabau, Antonio Garcia Pascual, Philippe Gudi)
"A saída é o cenário mais provável. Concordar num programa com o actual Governo grego vai ser extremamente difícil para os líderes da Zona Euro, tendo em conta a rejeição do último acordo, e será uma difícil negociação."
Citigroup (por Willem Buiter, Ebrahim Rahbari, Guillaume Menuet; Tina M Fordham; Antonio Montilla; Michael Saunders; Tiia A Lehto)
"Mudámos a nossa opinião e agora acreditamos que o 'Grexit' é o resultado mais provável, quer seja uma saída a curto-prazo (nos próximos meses) ou entre os próximos três anos. O que conduziu a nossa mudança de opinião foi o anúncio do referendo, a imposição do controlo de capitais, o não categórico no referendo e a inflexibilidade na postura dos credores gregos. Os riscos de saída a curto-prazo aumentaram bruscamente, mas ainda é provável que possa haver acordo (saberemos no domingo). Mesmo se a saída a curto-prazo for eliminada por um acordo, o risco de Grexit continuará, com uma probabilidade de 50% de um 'Grexit' num espaço entre 1 a 3 anos."
JPMorgan (por Kate Moore)
"Uma saída grega da Zona Euro parece mais possível do que o contrário."
BMO Capital Markets (por Stephen Gallo)
"Há 60% de probabilidades agora expostas em larga escala, de um 'Grexit' num futuro não muito distante."
"A probabilidade de saída no final de 2016 aumentou de 45% para 60%."
RBS (Michael Michaelides)
"Fomos demasiado benevolentes com a vontade da administração de Tsipras assinar um acordo, apesar dos planos finais do lado grego e dos credores não serem substancialmente diferentes. Sustentamos uma possibilidade de 'Grexit' a 55% e a probabilidade de um acordo no último minuto a 25%."
UBS Wealth Management (Ricardo Garcia-Schildknecht, Thomas Wacker, Fabio Trussardi, Jens Anderson)
"O acordo da Grécia irá provavelmente incluir a reestruturação da dívida, apesar da redução dos valores ser altamente improvável. O acordo é possível, mas não é certo. As probabilidades de um 'Grexit' são entre 50% a 60%; há 85% de probabilidade do Banco Central Europeu conseguir garantir uma estabilização do spread [da dívida grega, travando a subida dos juros helénicos]."