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Grécia pede programa de dois anos com o fundo de resgate do euro  

Tsipras pretende um acordo de dois anos, que inclua a cobertura das necessidades de financiamento do país e uma reestruturação da dívida grega. Este pedido de terceiro resgate coloca o FMI de parte, já que a solicitação é efectuada ao fundo de resgate do euro. O Eurogrupo vai analisar a proposta já esta terça-feira.

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Greece Asks for 2-Year Bailout Program
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O Governo grego voltou a colocar em cima da mesa uma reviravolta no curso das negociações com os credores. De acordo com um comunicado emitido pelo gabinete do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, o Executivo helénico solicitou ao fundo de resgate do euro (o Mecanismo Europeu de Estabilidade, ou ESM, na sigla em inglês) um programa com a duração de dois anos.

 
O objectivo do Governo grego passa por fechar um acordo que inclua um programa que contemple todas as necessidades de financiamento da Grécia durante esse período e ao mesmo tempo uma reestruturação da dívida grega.

 

O empréstimo solicitado, cujo valor não é revelado, será utilizado "exclusivamente para assegurar o pagamento do serviço da dívida" que a Grécia tem no exterior e no país. De acordo com a missiva hoje enderaçada ao Eurogrupo pelas autoridades helénicas, a Grécia tem encargos com a dívida, excluindo bilhetes do Tesouro, de 12,335 mil milhões de euros ainda em 2015, de 7,191 mil milhões de euros ao longo do próximo ano e de 9,619 mil milhões de euros em 2017. O que totaliza cerca de 30 mil milhões de euros entre a presente data e o final de 2017. Contudo, tal não significa que seja este o montante que venha a ser requisitado pela Grécia aos parceiros europeus. 

 

Em conjunto com este empréstimo, a Grécia pretende que a dívida do país ao FEEF (o antigo fundo de resgate do euro, que emprestou 131 mil milhões de euros a Atenas) seja reestruturada "no espírito das propostas a efectuar pela Comissão Europeia de modo a assegurar que a dívida grega se torne sustentável e viável no longo prazo". Isto para que no fim do programa, "ou antes, a Grécia seja capaz de ganhar acesso aos mercados internacionais para cumprir as necessidades de financiamento futuras".   

 

Na carta enviada a Jeroen Dijsselbloem e ao presidente do MEE (Klaus Regling), o primeiro-ministro Alexis Tsipras solicita também ao Eurogrupo que aprove a extensão do actual programa "por um curto período de tempo", de modo a assegurar que não aconteça um "default técnico". Este pedido já foi efectuado por duas vezes nos últimos dias, tendo sido recusado na reunião dos ministros das Finanças que decorreu sábado e ontem na resposta do presidente do Conselho Europeu a uma carta enviada domingo por Alexis Tsipras. 

 

"A Grécia está totalmente comprometida a cumprir o pagamento da sua dívida externa de uma forma que assegure a viabilidade da economia grega, o crescimento e a coesão nacional", assegura Tsipras no final da carta.

 

Eurogrupo analisa proposta esta noite

 

O Governo grego diz que vai procurar um acordo "sustentável" com a Zona Euro, sendo que será esta a mensagem para os gregos votarem não no referendo agendado para domingo. Atenas assinala que "até ao fim" vai procurar uma "solução viável", que terá como propósito "manter a Grécia no Euro", indicaram fontes do governo grego citadas pela imprensa internacional.

 

O Governo grego entende que o referendo (que nunca é citado na carta) não representa o fim das negociações com os credores, mas antes o início das negociações com melhores condições para o povo grego. "A Grécia permanece na mesa das negociações", adianta. Mas com uma diferença substancial, agora o FMI parece ficar de fora da proposta.

 
O presidente do Eurogrupo já confirmou a recepção da proposta em Bruxelas, tendo anunciado que convocou uma nova reunião de ministros das Finanças da Zona Euro. Vai decorrer por teleconferência esta terça-feira às 18h00 (hora de Lisboa).


A nova proposta que o Governo grego coloca em cima da mesa parece afastar o FMI, caso este seja aceite pelos credores. Contudo o FMI permanecerá sempre nas negociações, até porque o actual programa com a instituição liderada por Christine Lagarde só termina em 2016.

 

Mais um dia intenso de conversações

 

Este comunicado de Atenas surge depois de esta manhã terem surgido notícias que poderia ainda haver um acordo de última hora antes do fim do programa de assistência financeira e do pagamento de 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ambos os eventos previstos para hoje.

 

A indicação de que foram desmarcadas conferências e entrevistas está a aumentar a especulação de que estão a ser feitas negociações. O Guardian revela que estava marcada uma conferência de imprensa de responsáveis governamentais gregos com jornalistas estrangeiros e que esta foi cancelada porque foi convocada um conselho de ministros de urgência. O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, também desmarcou uma entrevista televisiva, invocando uma "obrigação urgente".

 

Segundo a imprensa internacional, Alexis Tsipras telefonou ontem a Jean-Claude Juncker na tentativa de fazer um acordo de última hora. O presidente da Comissão Europeia, depois de ter falado com o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, explicou ao primeiro-ministro grego o que teria de fazer para que esse acordo pudesse ser alcançado para fazer o Eurogrupo reconsiderar a sua posição de sábado.

Alexis Tsipras terá também mantido contactos com Mario Draghi, presidente do BCE, e Martin Schultz, presidente do Parlamento Europeu.

A colocar gelo nas expectativas de desenvolvimentos positivos nas negociações, a chanceler alemã Angela Merkel revelou esta manhã (ainda antes de ser conhecida a nova proposta de Tsipras) não ter qualquer conhecimento sobre uma eventual "nova" proposta que tenha sido apresentada às autoridades gregas, assegurando que apenas tem conhecimento da proposta apresentada a Atenas na passada sexta-feira, 26 de Junho.

(Notícia actualizada às 15h40 com mais informação)

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