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Frosso pelo sim: “Não quero um país falido, fora da Europa e com uma vizinhança perigosa”.

Estão dispostos a aceitar mais austeridade, sustentando que é esse o preço a pagar pela moeda única. Votam “sim” porque temem que o dinheiro desapareça e que a Grécia passe a ser “um pobre país falido, com uma vizinhança perigosa”.

04 de Julho de 2015 às 14:21
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Depois de quatro "difíceis" anos e de um corte de 30% do salário, até estava a sentir as coisas a melhorar, mas esta semana "mudaram completamente", na perspectiva do advogado que esta sexta-feira à tarde se manifestou pelo "sim", em Atenas. "Ninguém sabe o que vai acontecer. Temo que tirem todo o dinheiro dos bancos".

 

Sentado perto do palco, Apostolis poisa o café, que bebe por uma palhinha, para lamentar o que considera ser a "chantagem" de um primeiro-ministro que antes de ganhar as eleições prometeu chegar a acordo com a União Europeia. "Já passaram cinco meses. E agora volta a mentir quando promete um acordo em 48 horas. Se é tão simples porque é que ainda não o conseguiu?"


O advogado - que, depois da sua firma ter cortado salários "por não ter dinheiro para pagar impostos", passou a receber 700 euros por mês - está convencido que a maioria dos gregos vai responder afirmativamente a uma pergunta sobre medidas adicionais de austeridade. "De uma forma ou de outra, não vamos conseguir evitar a austeridade. Temos de ser pacientes e trabalhar muito, esperando que daqui a alguns anos as coisas melhorem".

 

A ideia de que austeridade é o preço a pagar pela "Europa" convence as pessoas que, ao final da tarde, se dirigiram ao estádio Malimarmaro. Calças compridas, camisas de cores claras, sapatos de vela e óculos de sol contrastavam com a estética que predominava na manifestação do "não". A média etária estaria acima dos 40 anos, mas na segunda fila alguns jovens voluntários tentavam contrariar o estereótipo, segurando letras que juntas formavam a frase "os jovens estão com o sim".

 

Na concentração, venderam-se bandeiras da Grécia e da União Europeia. Pelas primeiras um vendedor ambulante pedia um preço mais alto, porque quase esgotaram. Frosso Mavrikivo, uma senhora de estatura baixa e cabelo claro, faz questão de segurar as duas bandeiras, uma em cada mão. "Na última semana as nossas vidas viraram-se do avesso, mas sair da Europa é o pior dos cenários. Estou aqui para dizer sim à Europa. Não é ‘sim’ ao Schäuble, nem ‘sim’ às medidas, que serão duras. Mas este é um referendo louco. A questão é: quer ficar na Europa ou quer sair? O Governo não teve a coragem de colocar a verdadeira questão".

 

Frosso estudou teatro nos Estados Unidos. Depois, educou uma criança. "Sou uma mãe solteira, não consigo arranjar emprego. Estou a lutar! Na Grécia tem sido muito assim, infelizmente: não consegue emprego quem é melhor ou mais competente, mas quem gere contactos. E não tenho sido capaz de fazer isso".

 

Se o "sim" ganhar, "não será fácil, mas pelo menos não seremos um pobre país falido, fora da Europa e com uma vizinhança muito perigosa". Ao contrário de Apostolis, Frosso não está tão confiante que a sua posição vença. "Não tenho a certeza. Estão a acontecer coisas loucas. Quem diria que chegaríamos a este ponto? Estou preocupada".

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