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Dívida grega sob pressão após banco central grego alertar para perigos de impasse  

Os juros da dívida grega negoceiam novamente em alta depois de o presidente do banco central da Grécia ter avisado que o atraso na aprovação da revisão ao memorando poderá resultar em austeridade adicional.

13 de Fevereiro de 2017 às 16:36
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Depois do alívio verificado na passada sexta-feira, os juros da dívida pública grega seguem uma vez mais em forte alta na sessão desta segunda-feira, 13 de Janeiro. A taxa de juro associada às obrigações helénicas com prazo a dois anos cresce 39,8 pontos base para 9,263%, enquanto a "yield" a 10 anos sobe 12,7 pontos base para 7,516%.

 

Ainda assim, no prazo a dois anos a taxa de juro continua aquém do máximo de oito meses registado na passada semana perante o recrudescer da tensão mútua entre Atenas, os parceiros europeus e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

 

A pressionar a dívida helénica está a declaração hoje feita por Yannis Stournaras, presidente do banco central grego, que, citado pela Reuters, alertou para o perigo de se continuar a adiar a validação da segunda revisão periódica ao cumprimento do memorando acordado entre a troika e Atenas no Verão de 2015.

 

"As conversações em torno da revisão estão numa fase crítica. O ‘momentum’ positivo da economia tem de ser assegurado pela rápida conclusão da revisão", sustentou Stournaras antes de afiançar que o prolongamento desta indefinição acabará por se traduzir na necessidade de novas medidas de austeridade.


"As condições serão muito piores depois", avisou em declarações feitas num comité parlamentar de assuntos económicos em que o governador do banco central grego considerou que esse depois "poderá ser tarde demais".

 

Também esta segunda-feira foram divulgadas as previsões de Inverno da Comissão Europeia, que projecta que Atenas registará um défice orçamental primário – exclui o pagamento de juros e é considerado o melhor indicador para medir a consolidação orçamental – de 3,5% do PIB em 2018, acima da meta de 3,5% acordada no programa de assistência financeira que pode fazer chegar à Grécia 86 mil milhões de euros num período de três anos.

 

Pela voz do vice-presidente da Comissão, Valdis Dombrovskis, Bruxelas defendeu que o programa grego segue no "rumo certo", acusando o FMI, que mantém que a Grécia não conseguirá um excedente primário superior a 1,5% do produto em 2018 sem recurso a novas políticas de austeridade, de excessivo pessimismo. A Comissão salientou mesmo a capacidade do Governo liderado por Alexis Tsipras para arrecadar receitas fiscais acima do projectado, o que apoiou à obtenção de um excedente primário melhor do que o previsto. 

Depois de a primeira avaliação ter recebido luz verde em Maio de 2016 com meio ano de atraso face ao previsto, é agora a segunda avaliação periódica que permanece bloqueada. Dombrovskis anunciou que será feita um "esforço final" de todos os intervenientes ("instituições, credores, países da Zona Euro e a própria Grécia") para que "possamos finalmente a segunda revisão".

 

O prolongado diferendo entre Bruxelas e o FMI – que considera a dívida pública grega insustentável, pede um "incondicional" alívio da mesma, sustenta que a austeridade aplicada no país "já foi longe de mais", e, ao mesmo tempo, pede a Atenas medidas de austeridade num montante de 1,8 mil milhões de euros antes de 2018 e outro tanto após essa data no caso de as metas orçamentais não terem sido atingidas no final do programa – reforça a indefinição em torno da participação financeira do Fundo neste terceiro resgate grego em curso.

 

O FMI faz depender essa participação da disponibilidade dos parceiros europeus em promoverem um alívio substancial dos encargos de Atenas com o fardo da dívida.

 

"A nossa assunção de princípio é a de que [o programa grego] será prosseguido em cooperação próxima com o FMI", afiançou esta segunda-feira Dombrovskis. Este vice-presidente da Comissão lamenta que o FMI não ajuste as suas projecções económicas relativas à Grécia aos "factos e aos resultados" já conhecidos.

 

Tal como nos meses que antecederam a validação da primeira avaliação ao memorando e respectivo desbloqueio de verbas previstas, a Grécia inicia agora um período que pode ser de forte indefinição na medida em que o impasse nas conversações para a aprovação da segunda revisão se prolonguem. É que sem a referida validação, Atenas não beneficiará de nova tranche prevista no memorando e em Julho vencem cerca de 7 mil milhões de euros em dívida. 

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