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Previsões de Bruxelas: Alemanha cresce mais, Espanha e Irlanda abrandam e Grécia acelera
Nas previsões de Inverno publicadas esta segunda-feira, a Comissão Europeia antecipa trajectória diferentes para as principais economias da Zona Euro. Veja aqui o resumo nas estimativas para Espanha, Alemanha, França, Irália, Grécia, Irlanda e Reino Unido.
Espanha desacelera para 2,3%
O crescimento económico de Espanha, de 3,2% do PIB em 2016, continua a "surpreender", mas "há sinais" de uma desaceleração para 2,3% em 2017, segundo as previsões económicas da Comissão Europeia divulgadas hoje em Bruxelas.
O executivo comunitário admite que o crescimento económico espanhol dos últimos trimestres "excede as expectativas" e prevê que, apesar de uma desaceleração no corrente ano, ele se mantenha acima da média dos países da zona euro, pelo menos até 2018, quando se espera um crescimento de 2,1%.
A procura interna tem sido a principal responsável pelo crescimento económico, mas Bruxelas assinala que a contribuição das exportações também começou a influenciar positivamente este indicador em 2016.
Quanto ao défice orçamental, a Comissão Europeia considera que, apesar do forte crescimento económico, o desequilíbrio das contas públicas "ainda é elevado, mas está a diminuir".
Prevê-se uma redução do défice orçamental espanhol de 4,7% em 2016 para 3,5% em 2017, quatro pontos percentuais acima do objectivo negociado entre Madrid e Bruxelas.
Para 2018, num cenário de políticas económicas inalteradas, o executivo comunitário prevê um défice de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
A dívida pública deverá "estabilizar" nos 100,0% do PIB em 2017, mas em 2018 deverá descer para os 96,7%.
Depois de vários anos negativa, a inflação deverá subir para 1,9% em 2017 e 1,7% em 2018, principalmente devido ao esperado aumento do preço do petróleo.
O crescimento do emprego deverá "manter-se forte", apesar de se prever uma desaceleração em 2017 e 2018.
A criação de postos de trabalho irá ajudar à redução da taxa de desemprego de 19,6% em 2016 para 17,7% em 2017 e 16% em 2018.
Crescimento da Alemanha revisto em alta para 1,6%
A Comissão Europeia reviu em alta o crescimento da economia alemã este ano, de 1,5%, para 1,6%, e manteve a previsão de um aumento do Produto Interno (PIB) de 1,9% em 2016.
Segundo as previsões de inverno, o crescimento da economia alemã deve acelerar este ano, prevendo-se ainda uma progressão de 1,8% do PIB para 2018, considerando Bruxelas que tal se deve "a um emprego e consumo robustos".
O mercado de trabalho, as exportações e o aumento na construção são ainda factores que se espera que sustentem o crescimento da economia alemã.
Em Novembro, nas previsões do outono, a Comissão Europeia tinha previsto um crescimento de 1,5% para este ano e de 1,7% para 2018, valores agora revistos em alta.
A taxa de desemprego alemã deverá manter-se inalterada nos 4,1% de 2016 a 2018 e o consumo privado deverá aumentar 1,6% este ano e 1,7% em 2018, depois de ter crescido 2,0% em 2016.
As exportações deverão continuar a progredir: 2,5% em 2016, 2,9% em 2017 e 3,2% em 2018.
A inflação alemã deverá, por sua vez, situar-se nos 0,4% em 2016, nos 1,9% este ano e 1,5% em 2018 e a dívida pública do país é estimada em, respectivamente, 68,2%, 65,5% e 62,9% do PIB.
Bruxelas mantém estimativas de crescimento do PIB francês
A Comissão Europeia manteve hoje as previsões da retoma económica em França, onde espera "uma aceleração suave" que, este ano, deverá ser de 1,4% e de 1,7% em 2018.
De acordo com as previsões económicas de inverno, hoje divulgadas pelo executivo comunitário, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) francês recuou em 2016 para os 1,2%, face aos 1,3% de 2015, mantendo-se nos 1,4% a expectativa do crescimento para este ano e nos 1,7% para 2018, já apontados nas previsões de outono de 2016.
"A confiança dos empresários e dos consumidores melhoraram e o crescimento acelerou no quatro trimestre [de 2016]", comenta a Comissão Europeia, sublinhando, pela negativa, que "as exportações deverão continuar a constituir um obstáculo ao crescimento".
Relativamente ao défice orçamental, Bruxelas melhorou as expectativas, notando que este caiu para os 3,3% em 2016 (face aos 3,5% de 2015), devendo recuar este ano para os 2,9% do PIB e, em 2018, situar-se nos 3,1%.
Já quanto à dívida pública francesa, a Comissão adianta que no ano passado esta ficou nos 96,4% do PIB, estimando-se em 96,7% em 2017, e 97,0% em 2018.
A taxa de desemprego deverá continuar a recuar (10,0% em 2016, 9,9% em 2017 e 9,6% em 2018) e a inflação subir (0,3% em 2016, 1,5% em 2017 e 1,3% em 2018).
Grécia deverá crescer 2,7% em 2017
Bruxelas prevê uma melhoria global das perspectivas para a economia da Grécia, que deverá crescer 2,7% em 2017 e 3,1% em 2018, segundo as previsões de inverno da Comissão Europeia, hoje divulgadas em Bruxelas.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia - que deverá ter crescido 0,3% em 2016 apoiado na melhoria da actividade e da confiança dos consumidores - será sustentado sobretudo pelo consumo privado, investimento e exportações, refere o documento da Comissão.
Bruxelas também refere que o emprego tem revelado melhorias nos dois últimos anos, prevendo que a taxa de desemprego desça para 22% em 2017 e de novo para 20,3% em 2018, depois de se ter cifrado em 23,4% no ano passado e em 24,9% em 2015.
A contribuição das trocas externas - que ainda deverá ter sido negativa em 2016 porque as importações cresceram mais dos que as exportações - deverá ser positiva em 2017 sustentada por uma melhoria da competitividade e um aumento do investimento no sector.
Em relação à taxa de inflação na Grécia, Bruxelas prevê que esta seja de 1,3% em 2017 e de 1% em 2018, depois de ter sido nula em 2016.
O défice público deverá ser de 1,1% do PIB em 2017 e descer para 0,7% em 2018, depois de se ter cifrado em 1,1% em 2016, devido a alterações positivas do sistema fiscal, refere o documento.
Fraquezas estruturais em Itália limitam crescimento a cerca de 1% até 2018
A economia italiana deverá continuar a crescer à volta dos 1% este ano e no próximo, com "fraquezas" estruturais a impedirem uma recuperação mais forte, segundo as previsões de inverno da Comissão Europeia hoje divulgadas.
De acordo com Bruxelas, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) italiano deverá manter-se nos 0,9% em 2017 (igual a 2016), avançando para os 1,1% em 2018.
Em relação à taxa de inflação harmonizada em Itália - que foi de -0,1% em 2016 -, as previsões apontam para que suba em 2017 para os 1,4%, devido a um crescimento expectável dos preços da energia, e depois desça para os 1,3% em 2018.
As previsões indicam também uma descida da taxa de desemprego de 11,7% de 2016 para os 11,6% em 2017 e 11,4% em 2018.
Para a dívida pública em percentagem do PIB, a Comissão prevê uma subida, dos 132,8% em 2016 para os 133,3% em 2017 e depois um ligeiro recuo em 2018 para os 133,2%.
Quanto ao défice, Bruxelas prevê um agravamento dos 2,3% observados em 2016, para os 2,4% em 2017 e 2,6% em 2018.
Irlanda desacelera mas PIB cresce 3,4% em 2017
O ritmo de crescimento da economia da Irlanda deverá desacelerar para 3,4% em 2017 e para 3,3% em 2018, segundo as previsões de inverno da Comissão Europeia hoje divulgadas em Bruxelas.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Irlanda - que deverá ter progredido 4,3% em 2016 - vai continuar a ser sustentado pela procura interna, por sua vez suportada pela melhoria do mercado laboral, que inclui um aumento dos salários e a manutenção de uma baixa taxa de inflação.
A desaceleração do ritmo de crescimento deverá resultar de um aumento da incerteza em termos internacionais, mas o investimento deverá manter-se "firme", refere o documento da Comissão Europeia (CE).
Apesar da desaceleração do crescimento do PIB, Bruxelas prevê acréscimos do investimento na Irlanda, sustentado sobretudo pela construção, de 5% em 2016, 6,4% em 2017 e de novo de 5% em 2018.
Em relação à taxa de desemprego, Bruxelas afirma que, apesar de um aumento da força laboral e da imigração, esta deve cair para 7% em 2017 e 6,7% em 2018, depois de se ter cifrado em 8% em 2016.
As exportações da Irlanda desaceleraram em 2016 devido principalmente a uma contração da produção de multinacionais e à queda da libra esterlina, mas deverão continuar a sustentar o crescimento do PIB, prevê o documento de Bruxelas.
O Reino Unido absorve cerca de 17% do total das exportações irlandesas.
Depois de um recuo de 0,2% em 2016, sobretudo devido à queda dos preços da energia, a taxa de inflação deverá subir para 0,9% em 2017 e 1% em 2018, afirma a CE.
Referindo-se aos riscos para a economia irlandesa, a CE sublinha que estes aumentaram em 2016 e que se deverão manter, devido à incerteza associada à concretização da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e a eventuais mudanças fiscais nos Estados Unidos.
O défice deverá ter descido para 0,9% do PIB em 2016 e deverá cair para 0,6% do PIB em 2017 e em 2018, apesar da adopção de medidas expansionistas este ano.
Crescimento do Reino Unido deverá abrandar
O crescimento económico no Reino Unido deverá abrandar, com o Produto Interno Bruto (PIB) a crescer 1,5% este ano e 1,2% em 2018, segundo as previsões de inverno da Comissão Europeia hoje divulgadas.
Depois do crescimento "robusto" de 2% em 2016, o desempenho económico do Reino Unido deverá moderar-se em 2017 e enfraquecer mais em 2018, refere Bruxelas, sinalizando que o impacto da saída do país da União Europeia ainda não foi sentido no crescimento da economia.
A inflação "deverá subir acima dos 2% e permanecer elevada" em 2017 e 2018, segundo as estimativas da Comissão Europeia, que aponta para que o índice de preços no consumidor suba dos 0,7% de 2016 para os 2,5% em 2017 e 2,6% em 2018, em linha com as previsões realizadas há três meses.
Ao nível do desemprego, as previsões, que apontam para uma subida da taxa, de 4,9% em 2016 para 5,2% em 2017 e 5,6% em 2018, mantiveram-se também.
Quanto ao défice público do Reino Unido, Bruxelas estima que desça de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 para 2,8% este ano e 2,5% em 2018.
Para a dívida pública em percentagem do PIB, a Comissão prevê uma descida (maior do que a estimada há três meses) dos 88,6% em 2016 para os 88,1% em 2017 e, posteriormente, para os 87% em 2018.