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Decisão da Irlanda deixa Portugal sem um "ponto de referência"
Os programas cautelares estão previstos no papel mas, até hoje, nunca foram accionados. Agora que a Irlanda decidiu regressar sozinha aos mercados, Portugal perde um "ponto de referência" e fica sem saber o que "contém" um programa cautelar, afirmou hoje Luís Marques Guedes.
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Portugal – que está a sete meses e meio da conclusão do seu programa de ajustamento – estava atento ao exemplo irlandês, já que o país conclui o memorando da troika a 15 de Dezembro e, até hoje, tudo indicava que iria recorrer a um programa cautelar.
Mas não foi isso que aconteceu. A um mês do fim do programa de ajustamento, a Irlanda anunciou que não vai recorrer a um programa cautelar. E Portugal fica sem referências e sem saber o que pode conter um programa cautelar, afirmou esta quinta-feira o ministro da Presidência, Luís Marques Guedes, durante a conferência de imprensa do Conselho de Ministros.
"Há alguma desinformação sobre o programa cautelar", afirmou Luís Marques Guedes, acrescentando que "o Governo português estava interessado em olhar com bastante atenção para a modelação do programa [irlandês] para poder retirar algumas indicações". "Ficámos sem um ponto de referência mas congratulamo-nos que a Irlanda tenha podido terminar o programa sem qualquer apoio no pós-programa."
O ministro destacou, porém, que o facto da Irlanda – o primeiro país a concluir um programa de ajustamento – ter tomado esta decisão é "um sinal" positivo e pode "ser um bom exemplo" para o que vai acontecer com Portugal. "É prematuro dizer se Portugal vai, ou não, precisar de um programa [cautelar]. Faço notar que a Irlanda tomou esta decisão quando falta um mês para terminar o programa. Para Portugal faltam sete."
A importância do exemplo irlandês foi por diversas vezes destacada pelo primeiro-ministro e pela ministra das Finanças. Na semana passada, em Bruxelas, Pedro Passos Coelho afirmou que o Governo português iria estar "muito atento ao que se vai passar" na Irlanda, pois a solução que for encontrada para este país pode trazer "alguma utilidade prática" para quando chegar a vez de Portugal.
Maria Luís Albuquerque afirmou esta quarta-feira, 14 de Novembro, que Portugal iria seguir "atentamente" as negociações irlandesas "para tentar perceber até que ponto esse precedente poderia ser usado por Portugal".