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Comissão admite necessidade de "um alívio muito substancial" da dívida grega (act.)
A análise da Comissão Europeia ao endividamento grego aponta para a necessidade de um "alívio muito substancial" da dívida de Atenas. Bruxelas diz poder disponibilizar até sete mil milhões de euros por um período de três meses. A Comissão aponta também para uma contracção de 4% da economia este ano.
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Na análise à sustentabilidade da dívida grega, a Comissão Europeia defende a necessidade de "um alívio muito substancial, tal como a extensão das maturidades dos actuais e dos novos empréstimos", bem como "um deferimento de juros", defende Bruxelas num relatório elaborado em conjunto com o Banco Central Europeu (BCE) e que data de 10 de Julho. Ou seja, este relatório terá sido usado pelos responsáveis europeus nas negociações que decorreram este fim-de-semana.
Bruxelas diz também que aceder ao mercado de financiamento com um "rating" máximo poderia permitir "reduzir estas preocupações de uma perspectiva de necessidades de financiamento bruto. Ainda assim deixaria a Grécia com níveis de dívida face ao PIB muito altas para um período extenso", acrescenta a mesma fonte.
Alívio de dívida só depois de reformas na Grécia. FMI pede-o à cabeça
Ao contrário do FMI, que tem dado indicações muito firmes de que só entrará ao lado dos europeus num terceiro resgate à Grécia se houver um alívio prévio da sua dívida – que diz ter-se tornado no último ano "altamente insustentável" – o relatório da Comissão Europeia deixa claro que só haverá condições para rever as condições de pagamento dos mais de 200 mil milhões de euros já emprestados caso Atenas "demonstre" empenho e resultado nas reformas.
"Essas preocupações [sobre a insustentabilidade da dívida] podem ser enfrentadas através de um programa de reformas de longo alcance e credível, de uma muito forte apropriação por parte das autoridades gregas de um programa desse tipo e, após a restauração completa dos acordos de empréstimos, apenas poderão ser concedidas medidas de alívio da dívida caso o compromisso de reforma das autoridades gregas tenha sido demonstrado", conclui Bruxelas.
A Comissão Europeia admite uma recessão de 4% este ano na Grécia e o regresso ao crescimento apenas daqui a dois anos. Na análise ao pedido de assistência financeira dos gregos, a Comissão Europeia também identifica problemas de sustentabilidade da dívida pública grega, como resultado de piores resultados orçamentais e menor crescimento. No curto prazo, o efeito da crise dos últimos seis meses fez-se sentir de forma pesada, estima a Comissão, que antecipa uma contracção do PIB de 2% a 4% este ano (que compara com um crescimento previsto de 0,5% do PIB antecipado na Primavera), seguida de uma recessão de -0,5% a -1,75% no ano seguinte. No cenário da Comissão, o regresso ao crescimento fica guardado para 2017.
A Comissão Europeia e o BCE reviram as estimativas de endividamento e apontam para que, em 2020, a dívida grega esteja nos 165% do produto interno bruto (PIB). Um valor que deverá diminuir para 150% em 2022 e para 111% em 2030. Actualmente o endividamento encontra-se 177% do PIB.
Num cenário adverso, as estimativas elevam a dívida para 187% do PIB em 2020, valor que será reduzido para 176% em 2022 e 142% em 2030.
Estes são os dados que constam no documento de avaliação da sustentabilidade da dívida grega, que antecedeu as negociações entre a Grécia e os credores do último fim-de-semana.
E tendo em consideração estes dados e os desenvolvimentos dos últimos dias ficou demonstrado que "a Grécia precisa de um empréstimo ponte até que o novo programa [de resgate] seja posto em prática", salienta a Comissão. Esta necessidade surge para "preservar a integridade da Zona Euro, a estabilidade financeira e evitar novos incumprimentos" por parte de Atenas.
"A União deve disponibilizar à Grécia um empréstimo que totalize no máximo sete mil milhões de euros, com uma maturidade máxima de três meses", pode ler-se num segundo relatório sobre o financiamento de curto prazo. Este empréstimo deve "ser disponibilizado imediatamente", acrescenta.
Este empréstimo deverá ser concedido numa tranche apenas, ou seja, não será repartido por fatias.
Este financiamento estará sujeito a condicionalidades, entre elas a aprovação das medidas acordadas com os credores este fim-de-semana para o terceiro resgate e que passam por reformar o sistema de pensões e a reformas fiscal.
Este empréstimo será gerido através do Banco da Grécia, tendo sido recomendado a Atenas que crie uma conta especial no banco central do país para este fim.
(Notícia actualizada pela última vez às 16h00 precisando as conclusões da Comissão)