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FMI: Fecho dos bancos tornou a dívida grega "insustentável"

A flexibilização das políticas orçamentais ao longo do último ano aliada agora aos efeitos da decisão de Atenas de fechar os bancos levará a dívida pública grega para os 200% do PIB. Trata-se de um valor "altamente insustentável" que obrigará a uma reestruturação mais ampla. O FMI sugere aumentar os prazos de carência para o início da amortização dos empréstimos europeus de 10 para 30 anos.

14 de Julho de 2015 às 13:39
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Um documento interno do FMI, obtido pelo Telegrah, actualiza as estimavas sobre a evolução da dívida grega e conclui que a flexibilização das políticas orçamentais ao longo do último ano aliada agora aos efeitos da decisão de Atenas de fechar os bancos levará a dívida  pública para os 200% do PIB. Trata-se de um valor "altamente insustentável" que obrigará a uma reestruturação mais ampla, refere o documento não oficial.

 

"A dívida pública grega tornou-se altamente insustentável. Isto é devido à flexibilização das políticas ao longo do último ano, juntamente com a recente deterioração do contexto económico e financeiro interno por causa do fecho do sistema bancário que ampliou significativamente a  dinâmica adversa".

 

"As necessidades financeiras até ao fim de 2018 são agora estimadas em 85 mil milhões de euros e a dívida deverá atingir o pico próximo dos 200% do PIB nos próximos dois anos", escreve o FMI, precisando que estas estimativas pressupõem um cenário em que seja possível acordar rapidamente um novo - e terceiro - programa de assistência.

 

Como os europeus recusam perdoar dívida, o FMI sugere que talvez tenham de aumentar "dramaticamente" para 30 anos o prazo de carência para o início do reembolso dos empréstimos já concedidos, mas também de um próximo, que poderá elevar-se a 50 mil milhões de euros, segundo se admite em Bruxelas.

 

"Outras opções incluem transferências anuais explícitas para o Orçamento grego ou acentuados 'hair-cuts'. A escolha entre as várias opções cabe à Grécia e aos seus parceiros europeus", escreve o FMI, que exclui, pela sua parte, fazer qualquer movimento para aliviar as condições de pagamento dos empréstimos que concedeu a Atenas.

 

  1. Após a cimeira deste fim-de-semana, os líderes europeus reconhecem que há "preocupações sérias sobre a sustentabilidade da dívida grega" devido "à flexibilização das políticas nos últimos doze meses". Excluem, porém, a possibilidade de perdoar empréstimos garantidos pelos contribuintes europeus, como era reclamado pelo Syriza. "A cimeira do euro sublinha que ‘hair-cuts’ na dívida nominal não podem ser realizados".
  2. Já a possibilidade de voltar a esticar as maturidades dos empréstimos europeus e os prazos de carência é assumida, na linha do que já havia sido prometido ao país em 2012, aquando do segundo resgate que foi acompanhado do perdão de cerca de 100 mil milhões de euros de dívida grega comprada pelo sector privado.  "O Eurogrupo continua preparado para considerar, se necessário, medidas adicionais (possíveis períodos de graça e de pagamento mais longos) com a intenção de garantir que as necessidades brutas de financiamento continuam a níveis sustentáveis". "Estas medidas ficarão condicionadas à total implementação das medidas a serem acordadas num possível novo programa e serão consideradas depois de uma primeira conclusão positiva de uma revisão", acrescenta-se.

     

    Neste momento, as taxas de juro cobradas à Grécia são praticamente iguais às que os fundos de resgate do euro (que têm rating máximo) conseguem captar nos mercados, tendo sido decretado um prazo de carência de dez anos para o pagamento de juros (a Grécia só começará a pagar aos europeus em 2023), ao mesmo tempo que os prazos de maturidade foram prolongados para uma média que ronda 30 anos. Trata-se de condições mais favoráveis do que as aplicadas aos demais resgatados do euro, entre os quais Portugal.

  

 

(Correcção: FMI sugere aumento dos prazos de carência, e de não de amortização, para 30 anos)

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