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Bruxelas quer que Portugal retome agenda reformista para dissipar riscos
O presidente do Eurogrupo acredita que Portugal está a receber "um sinal dos mercados" e que a actual "volatilidade sublinha a necessidade" de avançar novamente com a agenda reformista e o reforço do sector financeiro. Já Moscovici pede uma "estratégia orçamental prudente".
Mesmo sem terem analisado em detalhe os riscos que nesta altura ameaçam Portugal, as instituições europeias mostraram algumas reservas em relação à conjuntura da economia portuguesa, concluindo pela necessidade de Lisboa retomar a prossecução de reformas estruturais.
Finda a reunião do Eurogrupo que decorreu esta quinta-feira, 26 de Janeiro, em Bruxelas, o líder desta instituição, o holandês Jeroen Dijsselbloem, referiu que "tomámos nota do facto de que existe alguma volatilidade" nos mercados em relação a Portugal, o que "sublinha a necessidade de acelerar a agenda de reformas e de reforçar os bancos".
Na perspectiva de Dijsselbloem, a subida dos juros da dívida pública portuguesa verificada nas últimas semanas, que no prazo a 10 anos ainda hoje superou os 4%, um máximo de Fevereiro do ano passado, "é um sinal dos mercados" que realça a importância de Lisboa enfrentar os problemas subjacentes.
Esses problemas são "a elevada dívida pública e as condições dos mercados", questões que, pese embora o "progresso atingido na frente orçamental", exigem ao Governo português o reiterar do compromisso com uma "agenda reformista". Mesmo sem o dizer directamente, ficou subentendido que o político holandês considera negativa a política de reversões levada a cabo pelo actual Executivo.
Dijsselbloem admitiu que "não discutimos em detalhe a confiança dos mercados em Portugal" notando, porém, que "estamos a analisar a situação". Nesta reunião do Eurogrupo, entre outros temas, foram apresentadas as conclusões das avaliações pós-programa feitas pela troika a Portugal e à Irlanda.
Mais optimista, Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económicos, notou que o crescimento da economia portuguesa "é mais moderado" do que o apresentado pela Irlanda, contudo o francês frisou que, de forma geral, o enquadramento económico de Portugal "continua a melhorar", exemplificando com a melhoria imprevista da economia no terceiro trimestre do ano passado.
Mas é "importante continuar a prosseguir uma estratégia orçamental prudente", avisou Moscovici apontando a necessidade de "reduzir a dívida" e conferir robustez "à actual recuperação" da economia.
Também Klaus Regling,líder do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), se referiu a Portugal e à Irlanda, considerando que "não existem riscos" de que estes países não tenham condições de reembolsar o dinheiro recebido no âmbito dos respectivos resgates. Já especificamente sobre Portugal, Regling considerou que "temos de compreender que os mercados estão nervosos, acerca do nível da divida, do sector financeiro e da competitividade da economia".
No entanto, o presidente do MEE acredita que se estas questões "forem enfrentadas" pelo Governo português, "os mercados irão reagir" de forma positiva. Por fim, Regling mostrou-se "confortável" com as garantias dadas por Centeno no que concerne à resolução destes problemas.