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Centeno: Alta dos juros preocupa mas financiamento está controlado

O ministro das Finanças diz que 2017 "está muito controlado em termos de financiamento" para Portugal, sendo que apesar da alta dos juros a almofada de liquidez não deverá ser utilizada.

Miguel Baltazar
27 de Janeiro de 2017 às 09:01
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"Temos uma almofada de liquidez que é grande o suficiente para enfrentar o ano numa posição confortável", afirmou o ministro das Finanças Mário Centeno em entrevista à agência Bloomberg, concedida em Bruxelas depois da reunião do Eurogrupo.

 

"Tive oportunidade de mostrar aos meus colegas que estamos actualmente a cumprir os nossos compromissos", acrescentou Centeno, afirmando que apesar da almofada de liquidez o Governo português pretende continuar a recorrer ao financiamento de mercado.

 

As declarações do ministro das Finanças português surgem depois de ontem ter sido revelado que o défice de 2016 desceu quase 500 milhões de euros, permitindo garantir que ficará abaixo de 2,3% do PIB e melhor do que meta acordada com Bruxelas. Mas também numa altura de alta nas taxas de juros que os investidores exigem para comprar dívida portuguesa, que está de novo a acima dos 4% e em máximos desde Fevereiro do ano passado.

 

"Temos um ano que está muito controlado em termos de financiamento", disse Centeno à Bloomberg, afirmando contudo que "claro que os custos de financiamento são um motivo de preocupação".

 

De acordo com o IGCP, as necessidades de financiamento de Portugal este ano ascendem a 12,4 mil milhões de euros, sendo que no final de 2016 a liquidez do Tesouro era de 10,2 mil milhões de euros.

 

"Têm existido um pouco de volatilidade. Temos algumas incertezas políticas no mundo", justificou Centeno, esperando que esta "volatilidade desvaneça".

 

A "yield" das obrigações portuguesas a 10 anos sobe pela quarta sessão, com um agravamento de 5 pontos base para 4,169%, depois de ontem ter tocado em máximo de 11 meses.

 

No que diz respeito ao financiamento de Portugal, Centeno revelou também que o BCP vai em breve reembolsar mais 700 milhões de euros com CoCos. E que a venda do Novo Banco "está numa fase muito importante" sendo que o objectivo passa por fechar a operação no espaço de seis meses.

 

Eurogrupo alerta para volatilidade

 

Em declarações proferidas ontem aos jornalistas depois da reunião do Eurogrupo, o ministro das Finanças português destacou o défice, que "não será superior a 2,3% do PIB", e a "economia que cresce nas suas várias dimensões", assinalando com regozijo: "Tudo isso foi sublinhado pela presidência do Eurogrupo".

 

Reconhecendo que os riscos que ameaçam Portugal não foram analisados em detalhe, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, alertou que a "volatilidade" nos mercados em relação a Portugal "sublinha a necessidade de acelerar a agenda de reformas e de reforçar os bancos".

Para Dijsselbloem, a subida dos juros da dívida pública lusa verificada nas últimas semanas, que no prazo a 10 anos voltou ontem a superar os 4%, "é um sinal dos mercados" que realça a importância de Lisboa enfrentar os problemas subjacentes. Esses problemas passam pela elevada dívida pública e pelas condições dos mercados, resume o holandês que, mesmo admitindo o "progresso atingido na frente orçamental", insiste que obrigam o Governo português o reafirmar o compromisso com uma "agenda reformista". Mesmo sem o dizer directamente, ficou subentendido que Dijsselbloem considera negativa a política de reversões levada a cabo pelo actual Executivo.

Mais optimista, Pierre Moscovici, comissário para os Assuntos Económicos, notou que o enquadramento económico de Portugal "continua a melhorar".

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