Notícia
Juros com maior agravamento em ano e meio
O mês de Janeiro trouxe, pela expectativa do fim do programa de compras do BCE, pelo abrandamento da compra de dívida portuguesa e pela incerteza política, o maior agravamento nos juros desde Junho de 2015.
Janeiro trouxe o maior agravamento mensal aos juros da dívida soberana de Portugal em ano e meio, com as ‘yields’ associadas aos títulos a dez anos a subirem 42,6 pontos base para 4,19% no espaço de um mês na transacção em mercado secundário.
O comportamento do mês que agora termina só é comparável com os agravamentos verificados em Maio e Junho de 2015, quando os juros subiram 46,1 e 43,4 pontos base, respectivamente. Contudo, então, as "yields" estavam na casa dos 3%.
A justificar os agravamentos no mês de Janeiro esteve desde logo a aceleração dos preços na Zona Euro, que aumentou a expectativa sobre uma retirada antecipada dos estímulos do Banco Central Europeu (BCE). Ainda esta terça-feira foi conhecido o valor da inflação na Zona Euro (que subiu de 1,1% em Dezembro, para 1,8%, em Janeiro), valor que fica próximo da meta de 2% estabelecida no mandato de estabilidade de preços do BCE.
Além disso, também pesa o abrandamento do ritmo de compras de dívida portuguesa no âmbito do programa de aquisição de activos do banco central. E a condicionar não só as obrigações portuguesas como as pares do sul da Zona Euro está também a incerteza política na Europa (nomeadamente com as eleições na Holanda e Alemanha à porta) e a reavaliação global das obrigações.
Além de Portugal, também outros periféricos experimentaram agravamento no mês de Janeiro e, nos casos de Irlanda e Itália, próximos da variação da dívida de Lisboa. Os juros de Itália a dez anos subiram 44,7 pontos-base (a maior subida desde Outubro de 2016) e os da Irlanda avançaram 42,5 pontos-base, também na maior subida desde Junho de 2015, como a portuguesa. Espanha viu os juros subirem 21,4 pontos-base, a maior subida em dois meses.
O mês de Janeiro trouxe os juros de Portugal para território acima dos 4%, para máximos de Fevereiro do ano passado. O valor, capaz de criar nervosismo no mercado, apenas deverá começar a preocupar se os juros vierem a superar os 5%, disseram analistas ao Negócios.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, reconheceu na sexta-feira passada preocupação com o nível elevado dos juros, mas garantiu que o financiamento de Portugal está controlado.
Apesar do balanço de agravamento mensal, o dia até fechou com alívios para os juros de Portugal, depois de conhecidos dados positivos sobre a economia dos 19 - o PIB cresceu mais que o esperado e o desemprego continua em queda.
A 'yield' das obrigações a dez anos colocou esta terça-feira um ponto final numa série de cinco sessões consecutivas de valorizações, cedendo 4,2 pontos base para 4,198%. É a quarta sessão consecutiva em que os juros estão acima dos 4%.
(Notícia actualizada às 17:24 com referência às dívidas periféricas)