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União Europeia triplica orçamento do programa Triton para o Mediterrâneo

A UE adoptou um plano de para enfrentar a crise no Mediterrâneo que consiste, essencialmente, em triplicar o orçamento do programa de busca e salvamento Triton. Mas assume que o problema não ficará resolvido.

Reuters
23 de Abril de 2015 às 21:47
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Os líderes europeus decidiram triplicar o orçamento do programa de busca e salvamento Triton e também incrementar a capacidade da Frontex, a agência europeia responsável pelo controlo das fronteiras exteriores. É esta a principal medida saída da reunião do Conselho Europeu, marcada de urgência para esta quinta-feira, em Bruxelas, depois do acidente de domingo passado no Mar Mediterrâneo que provocou a morte de mais de 800 migrantes.


O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, anunciou um plano de acção que consiste em três medidas: acções para capturar e destruir as embarcações utilizadas pelos traficantes de seres humanos; triplicar o orçamento do programa Triton e melhorar a sua capacidade operativa; e ainda a tentativa de limitar os fluxos migratórios para a Europa, indo à raiz do problema através do melhoramento da cooperação com os países de origem e trânsito dos migrantes, especialmente a Líbia.


Donald Tusk quis ainda realçar "o apoio e dinheiro" disponibilizados pelos Estados-membros para resolver uma tragédia que a "Europa não causou", mas à qual "não poderá ficar indiferente". As medidas anunciadas depois do culminar de um encontro aparentemente difícil, que terminou 1h30 depois da hora inicialmente prevista, são muito próximas daquilo que já havia sido anunciado na segunda-feira por Federica Mogherini, Alta Representante para a Política Externa.


Actualmente o programa Triton tinha um orçamento mensal de cerca de 2,9 milhões de euros, que será agora triplicado, e uma abrangência de até somente 48 km da costa italiana. Este programa substituiu em Outubro último o Mare Nostrum, que tinha um custo mensal de quase 10 milhões de euros e uma área de vigilância e patrulha superior. O naufrágio de domingo passado ocorreu ao largo do mar líbio, fora do alcance do Triton. Porém, tanto Tusk como Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, asseguraram não ser necessário proceder alterações ao mandato do Triton, porque este já prevê a obrigação de prestar "todas as acções necessárias" em casos de pedidos de ajuda.


Logo à chegada para o encontro de ontem, e ainda antes de enunciar o intento de "acordar acções comuns e concretas", Tusk já prevenia que os problemas na origem da crise migratória que provocou o avolumar de mortes no Mediterrâneo não "poderão ser resolvidos" esta quinta-feira. Nos últimos dez dias morreram ali 1.200 pessoas afogadas.

 

 

Acidentes no Mediterrâneo
6 de Maio de 2011: Uma embarcação com cerca de 600 migrantes a bordo naufragou ao largo do mar líbio. Sobreviveram apenas 130 pessoas que viajavam nesta embarcação que seguia, invariavelmente, sobrelotada.
 

3 de Outubro de 2013: Um acidente, já próximo da costa da pequena ilha italiana de Lampedusa, resulta na morte de pelo menos 360 migrantes. A maioria eram naturais da Eritreia e da Somália.

 

Setembro de 2014: Os traficantes responsáveis por uma pequena embarcação terão provocado a queda de vários migrantes ao mar depois de estes se terem recusado a passar para uma embarcação mais pequena. Terão morrido pelo menos 300 migrantes neste caso ocorrido ao largo de Malta. Os sobreviventes referiram-se a esta caso como tendo-se tratado de um "assassínio em massa".

 

11 de Fevereiro de 2015: Quatro pequenas embarcações sobrelotadas, provenientes da costa líbia, naufragaram no Mediterrâneo. Este acidente que vitimou mais de 300 pessoas terá sido provocado pelo mau tempo que se fazia sentir.

 

12 de Abril de 2015: Uma embarcação naufraga ainda próximo da costa da Líbia, num acidente que resultou em mais de 400 migrantes mortos.

 

19 de Abril de 2015: Prova do aumento de fluxo migratório registado nos últimos meses, uma embarcação naufraga no Canal da Sicília. Apesar do apoio prestado pelo porta-contentores King Jacob, o embate acidental entre este e a embarcação, bem como a sobrelotação da mesma, acabaram por fazer deste acidente a maior tragédia de sempre no Mediterrâneo ao causar mais de 800 mortes, segundo avançaram as autoridades italianas.

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