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Federica Mogherini: União Europeia não tem mais desculpas

A Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, afirmou esta segunda-feira, no Luxemburgo, que "a União Europeia não tem mais desculpas" e que os Estados-membros devem acordar "uma verdadeira política migratória" para evitar novas tragédias no Mediterrâneo.

Reuters
20 de Abril de 2015 às 11:25
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Falando à chegada para uma reunião dos chefes de diplomacia da UE - que da parte da tarde será alargada aos ministros do Interior dos 28, Mogherini afirmou que após a tragédia que representou o naufrágio de uma embarcação no fim-de-semana, com pelo menos 700 imigrantes a bordo, que se soma a outras "nos últimos meses e nos últimos anos", não há mais desculpas para não agir de forma decisiva.

 

"Não temos mais desculpas. A UE não tem mais álibis, os Estados-membros não têm mais álibis", disse a Alta Representante, que instou a União a assumir a sua "responsabilidade".

 

De acordo com Mogherini, que presidirá à reunião de chefes de diplomacia, trata-se de "um dever moral", sendo a própria credibilidade da UE que está em jogo, pois o projecto europeu sempre se centrou "na protecção dos direitos humanos, da dignidade humana e na defesa da vida humana", pelo que a Europa deve ser "consistente" e não permitir que mais tragédias ocorram num mar que também é seu, referindo-se ao Mediterrâneo.

 

A vice-presidente da Comissão admitiu que "não há uma solução fácil, não há uma solução mágica", mas "há uma responsabilidade europeia" e instrumentos da política externa que podem e devem ser utilizados de imediato.

 

Todavia, assinalou, há responsabilidades que não estão nas mãos dos ministros dos Negócios Estrangeiros, razão pela qual o Conselho de hoje será alargado, da parte da tarde, a ministros do Interior, sendo que há outras responsabilidades que são ao nível de chefes de Estado e de Governo, motivo pelo qual o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, está em contactos com as capitais com vista a uma possível cimeira extraordinária. Portugal está representado na reunião do Luxemburgo pelo secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães.

 

ONU receia aumento de mortes no Mediterrâneo por falta de meios 

 

A porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no sul da Europa, Carlotta Sami, admitiu esta manhã que que o número de mortos no Canal da Sicília está condenado a aumentar com a chegada do bom tempo e devido à falta de meios.

 

Em declarações ao canal de televisão Skytg24, Carlotta Sami disse que, segundo os testemunhos dos sobreviventes dos recentes naufrágios, pelo menos 1.650 imigrantes morreram na tentativa de cruzar o Mediterrâneo para alcançar a costa italiana, 400 na semana passada e cerca de 900 no último sábado.

 

A porta-voz do ACNUR considera que o número está condenado a aumentar, já que com chegada do bom tempo multiplicar-se-ão as saídas de imigrantes a partir das costas da Líbia.

 

"Além disso, as guerras continuam e os esforços não aumentam", pelo que, infelizmente, estas tragédias poder-se-ão repetir, afirmou.

 

O diretor do ACNUR na Europa, Vincent Cochetel, sublinhou numa entrevista publicada hoje pelo jornal italiano La Repubblica que se trata de uma "tragédia anunciada" devido à insuficiência de meios.

 

O ACNUR aguarda a chegada ainda hoje a Catânia, na ilha de Sicília, de 27 dos 28 sobreviventes do naufrágio de sábado, que actualmente se encontram em Malta. A embarcação da guarda-costeira italiana com os imigrantes resgatados e com os 24 corpos recuperados das águas alcançaram hoje o porto de La Valleta.

 

Sami explicou que a agência da ONU espera poder falar com os imigrantes para conhecer mais detalhes, nomeadamente sobre as nacionalidades, bem como sobre as condições em que foi feita a travessia e as circunstâncias do próprio naufrágio.

 

Outro imigrante resgatado com vida, oriundo do Bangladesh, foi transferido, este domingo, de urgência, via helicóptero, para Catânia, devido às suas condições de saúde.

 

Este imigrante relatou que a bordo da traineira que naufragou a 70 milhas da costa líbia e a 120 da ilha italiana de Lampedusa viajam 950 pessoas, incluindo 40 a 50 crianças e cerca de 200 mulheres.

 

Governo português "lamenta muito profundamente esta tragédia"

 

O Governo português mostrou "profunda consternação" com o naufrágio ocorrido este fim-de-semana, tendo apelado a que sejam "acelerados os esforços conjuntos da União Europeia tendo em vista uma resposta concertada face às inúmeras mortes de imigrantes no Mediterrâneo".

 

"A reunião de emergência da União Europeia agendada para hoje no Luxemburgo vai ao encontro das posições do Governo Português, que já vinha alertando, em Bruxelas, sobre a necessidade de os ministros dos Negócios Estrangeiros e Administração Interna se reunirem para debater a crescente catástrofe humana no Mediterrâneo", refere um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

 

(Notícia actualizada às 11h30 com a reacção do governo português)

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