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Tensão na Catalunha: Confrontos continuam para impedir votações
A Polícia Nacional e a Guardia Civil já carregaram sobre manifestantes. Tentam fechar assembleias de voto, perante a acusação do Governo central de que a polícia regional não age. Generalitat diz que há mais de 300 feridos.
O El Pais escreve que a polícia nacional actuou perante a não acção da polícia regional. Segundo relatos do El Pais, os Mossos d'Esquadra não fecharam as assembleias de voto.
Em alguns locais ocorreram cenas de tensão e algum uso de força entre os populares e a polícia, equipada com material antidistúrbios, ainda não utilizado, como armas de balas de borracha. Já houve manifestantes presos. Mas segundo os relatos da imprensa os catalães continuam a tentar votar, e há mesas com filas.
Citada pela Lusa um porta-voz dos Serviços de Saúde catalães precisou que "deram entrada nos hospitais e centros de saúde 337 pessoas, a maioria por se terem sentido mal ou por problemas ligeiros, mas entre eles 90 feridos e um ferido grave, num olho".
Em conferência de imprensa ao início da tarde, o governo regional catalão tinha actualizado para 337 o número de feridos na sequência dos distúrbios.
"Há 337 pessoas feridas ou com contusões. Pedimos aos feridos que façam uma denúncia junto dos Mossos d'Esquadra", declarou o porta-voz da Generalitat, Jordi Turull.
A Generalitat garantia, durante a manhã, que 73% dos colégios abriram e estão a funcionar.
O presidente catalão Carles Puigdemont e o seu vice-presidente Oriol Junqueras votaram antes das 10:30. A Generalitat já anunciou que os cidadãos podem votar em qualquer colégio. Aliás, o próprio Puigdemont votou em Cornellà de Terri, evitando o centro desportivo escolar onde estava inscrito, por ter sido ocupado pela polícia.
Meia centena de agentes da Polícia Nacional e da Guardia Civil ocuparam cerca das 09:15 locais (08:15 em Lisboa) o pavilhão desportivo escolar de Sant Julià de Ramis, em Girona, onde deveria votar Puigdemont.
Mas o Ministério do Interior garantiu, entretanto, que desactivou o censo universal, que permite a votação em qualquer centro. E o El Pais diz que não há rede nas assembleias de voto.
1-La @guardiacivil desactiva el censo universal. Ahora mismo una misma persona puede votar varias veces en distintos colegios #EstamosporTI pic.twitter.com/uit0PRanr0
— Ministerio Interior (@interiorgob) October 1, 2017
O Governo central já acusou os Mossos d'Esquadra de passividade e o Ministerio Público diz que vai abrir um inquérito, já que considera que os Mossos estão a comportar-se como polícia política e por terem traído a confiança dos juízes.
O delegado do Governo nacional na Catalunha afirmou que, face ao que diz ser a inacção dos Mossos, Madrid "viu-se obrigada a fazer o que não queria": usar autoridades nacionais para impedir as votações.
A atitude da polícia regional "pôs em risco, de maneira irresponsável, o prestígio" das autoridades catalãs, disse Enric Millo numa conferência de imprensa na delegação do Governo em Barcelona.
"Os ‘Mossos’ tinham uma ordem policial de impedir a celebração do referendo ilegal, por isso deveriam evitar que se abrissem os denominados centros eleitorais", afirmou Enric Millo.
O conselheiro do governo catalão para os Assuntos Exteriores já anunciou que vai apresentar uma queixa contra o executivo espanhol na União Europeia, por violação dos direitos humanos.
Em conferência de imprensa, Raul Romeva afirmou, citado pela Lusa, que a Generalitat vai invocar o artigo n.º 7 do Tratado da União Europeia (UE), que permite ao Conselho da Europa tomar medidas contra um Estado-membro se for declarada uma "violação grave" do artigo 2.º do mesmo diploma.
Para o conselheiro das Relações Exteriores do governo catalão, a UE deve ser um garante dos direitos humanos e agora o estado espanhol "colocou em risco esta imagem" de garante com as ações policiais contra o referendo independentista.
(Notícia actualizada às 13:40 com dados de feridos e às 15:30)