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Protesto alerta para "impacto crucial" dos imigrantes na economia britânica

A jornada de luta está a ser disseminada nas redes sociais através da "hashtag" #1DayWithoutUs. Estudo calcula em 385 milhões de euros o impacto na economia local de um dia de paragem dos trabalhadores estrangeiros.

Neil Hall/Reuters
20 de Fevereiro de 2017 às 11:11
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Dezenas de milhares de pessoas devem participar esta segunda-feira, 20 de Fevereiro, na campanha "Um dia Sem Nós", lançada nas redes sociais para sensibilizar o Reino Unido para a importância dos imigrantes. Esta acção de protesto, que surge em resposta aos impactos do Brexit, juntou várias organizações nacionais e empresas num país onde residem perto de 8,5 milhões de estrangeiros.

 

Segundo um relatório da New Economics Foundation, se cada um dos empregados imigrantes, que representam quase 11% da força de trabalho no país, não trabalhasse durante um dia, isso custaria 328 milhões de libras (385 milhões de euros) à economia britânica. Em alguns sectores, como a saúde, as limpezas ou a hotelaria, o peso dos profissionais estrangeiros ascende a quase um terço do total.

 

O director executivo desta fundação, baseada em Londres, sustentou que o futuro do país "depende da contribuição económica, cultural e social dada pelos migrantes". "Num momento em que países de todo o mundo sucumbem à chamada de sirene do populismo, precisamos de recordar essa contribuição e celebrá-la", acrescentou Marc Stears.

Lançada pelo escritor Matt Carr em Outubro, através do Facebook, esta "jornada de acção nacional" incentivou os trabalhadores a pedirem um dia de folga ou a parar durante alguns minutos, a fazerem um boicote ao consumo, a empunharem cartazes de protesto ou a colocarem faixas nas janelas de casa. A iniciativa está e envolver também cidadãos britânicos apoiantes da causa, que estão também a partilhar essas acções nas redes sociais com a "hashtag" #1DayWithoutUs.

 

 

"Queremos recordar à sociedade britânica a importância crucial da imigração numa jornada de unidade, solidariedade e celebração que ajude a acabar com a narrativa sobre a imigração (…) Há uma preocupação com a crescente hostilidade face aos imigrantes depois do referendo", referiu Matt Carr, citado pelo El Pais. O controlo das fronteiras foi uma das principais leituras feitas pelo governo britânico, agora liderado por Theresa May, dos resultados da votação de Junho do ano passado para a saída da União Europeia.

Quem já se insurgiu contra o chamado "hard Brexit" foi o antigo primeiro-ministro, Tony Blair, tendo apelado aos eleitores, empresas e activistas que se "ergam" e apoiem um esforço coordenado para suavizar as condições da saída do Reino Unido da União Europeia ou mesmo travá-la. O ex-líder dos Trabalhistas considerou que "o povo votou sem ter conhecimento dos termos do Brexit".

Também no âmbito deste protesto, perto de um milhar de cidadãos europeus residentes naquele país vão rumar ao Parlamento britânico para reclamar o direito a permanecer no território quando se concretizar o abandono do bloco europeu. Segundo o The Guardian, perto de 50 deputados, incluindo os porta-vozes dos maiores partidos, já se disponibilizaram para receber uma comitiva que representa estes imigrantes provenientes de países da União Europeia.

A Comissão de Emprego do Parlamento Europeu já alertou que os cidadãos comunitários a residir no Reino Unido podem ficar num limbo legal depois do Brexit devido à falta de registos migratórios detalhados. Um documento divulgado este domingo apontou que o país "não tem um registo da população", pelo que, na prática, será difícil determinar quem chegou antes ou depois de uma determinada data.

 

Além do envolvimento de várias organizações nacionais, dos sindicatos e de algumas empresas que vão fechar portas durante o dia de hoje, as galerias de arte e as universidades são espaços onde esta iniciativa está a ter maior repercussão. É o caso da Universidade de Edimburgo, onde um professor partilhou três imagens para mostrar a importância dos trabalhadores estrangeiros no funcionamento do departamento de Informática daquela academia escocesa.

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