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Tony Blair apela aos britânicos que travem o Brexit, uma "corrida para o precipício"
O antigo primeiro-ministro acusa o governo de May de querer o Brexit "a qualquer custo" e diz que os eleitores votaram a favor sem conhecer os termos da saída.
O antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair insinuou-se contra o chamado "hard Brexit" esta sexta-feira, 17 de Fevereiro, num discurso duro em que apelou aos eleitores, empresas e activistas que se "ergam" e apoiem um esforço coordenado para suavizar os termos da saída do Reino Unido da União Europeia ou mesmo travá-la.
"O povo votou sem ter conhecimento dos termos do Brexit. À medida que esses termos se tornam claros, é seu direito mudar de ideias. A nossa missão é persuadi-los a fazerem-no", afirmou o antigo chefe do Executivo, na sua primeira grande intervenção política desde que os eleitores britânicos votaram a favor da saída do país do bloco regional.
Blair sublinhou que este "não é tempo de retiradas, indiferença ou desespero, mas sim de nos levantarmos em defesa daquilo em que acreditamos".
As palavras do ex-governante surgem numa altura em que o decreto que investirá Theresa May do "poder" de invocar o artigo 50.º do Tratado de Lisboa está à espera de ser debatido e aprovado pela Câmara dos Lordes, após ter recebido luz verde da Câmara dos Comuns no passado dia 8 de Fevereiro.
Segundo avançou ontem a Bloomberg, citando duas fontes do Governo envolvidas nas negociações do Brexit, Theresa May pretende invocar o artigo o mais próximo possível da cimeira europeia que terá lugar nos dias 9 e 10 de Março.
"O caminho pelo qual estamos a ir não é apenas o ‘hard Brexit’. É o Brexit a qualquer custo. O nosso desafio é expormos incansavelmente que custo é esse … e construir apoio para sairmos desta corrida em direcção ao precipício", apontou Blair.
O discurso do antigo líder do Partido Trabalhista despertou imediatamente reacções, incluindo de Nigel Farage e Boris Johnson.
"Blair é o homem do passado", disse Nigel Farage, antigo líder do UKIP. "Ele parece pensar que nós vamos mudar de ideias. Ele claramente não entendeu que, se o referendo fosse realizado amanhã, a margem seria pelo menos três vezes maior".
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, que fez campanha pelo Brexit, acrescentou: "Eu apelo ao povo britânico que se levante e desligue a televisão na próxima vez que Blair aparecer".