A pouco mais de um mês do prazo dado pelo próprio Governo britânico para desencadear a saída da União Europeia e enquanto sectores como o financeiro põe em marcha planos de contingência para assegurar a prestação de serviços no Velho Continente depois do Brexit, duas multinacionais fazem planos para reforçar presença em terras de Sua Majestade.

A Expedia, uma das maiores empresas de reservas de viagens online, vai duplicar o espaço de escritórios ocupado em Londres para acrescentar centenas de novos trabalhadores aos 1.400 existentes, num contrato de aluguer que se prolongará até 2030, refere a Bloomberg citando um comunicado da companhia.

A capital britânica é também o local onde a Expedia tem instalado o seu laboratório de usabilidade, que pretende melhorar a forma como os utilizadores interagem com a plataforma de reservas. "Vemos uma grande oportunidade em Londres, dado o crescimento contínuo do comércio electrónico e das indústrias tecnológicas e a grande abundância de talento na cidade," refere Johan Svanstrom, presidente da Hotels.com, detida pela Expedia.

Já o gigante mundial do retalho electrónico, a Amazon.com, está a recrutar mais colaboradores para desenvolver no Reino Unido o negócio de computação na e tecnologia de reconhecimento de voz, além da divisão responsável pelo uso de "drones" em tarefas de transporte de mercadoria. Uma utilização que está a ser testada nos ares britânicos, onde a regulação de transporte aéreo é menos apertada que nos EUA.

Ainda assim, de acordo com um inquérito do Silicon Valley Bank citado pela Bloomberg e feito junto de  940 executivos de startup, um em cada dez pondera deixar a actividade no Reino Unido e transferir a actividade para a Europa continental com o Brexit. Mas tal como a Amazon e a Expedia, também a Snap, a Facebook e a Google anunciaram planos para incrementarem a actividade em Londres, enquanto o fundo de tecnologia do SoftBank escolheu a cidade para instalar a sua sede.

A dias de se cumprirem oito meses do referendo que deu luz verde ao Brexit, o processo legislativo entra esta segunda-feira na Câmara dos Lordes, depois de ter passado pela dos Comuns. A primeira-ministra britânica, Theresa May, espera poder desencadear no início de Março – o prazo do Governo aponta para uma data até ao final desse mês – o artigo 50.º do Tratado de Lisboa, que abre caminho aos dois anos de negociações para a desvinculação do Reino Unido da UE.