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Juncker de saída? Bruxelas também já fala em "fake news"

O porta-voz da Comissão Europeia usou as expressões polémicas e a rede social preferidas de Donald Trump para reagir a uma notícia do "La Repubblica" sobre a possível demissão do sucessor de Durão Barroso.

Reuters
20 de Fevereiro de 2017 às 15:04
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O jornal italiano "La Repubblica" publicou esta segunda-feira, 20 de Fevereiro, um artigo em que adianta a possibilidade de Jean-Claude Juncker se demitir da presidência da Comissão Europeia em Março, deixando a liderança a um dos vice-presidentes na segunda parte do mandato iniciado em Novembro de 2014.

 

Citando fontes anónimas, que garante serem próximas das autoridades europeias, o correspondente em Bruxelas escreve que as próximas quatro semanas serão "cruciais" para a decisão do ex-primeiro-ministro luxemburguês, que pode "recusar-se a lidar com o declínio europeu". As datas-chave são o Conselho Europeu de 9 e 10 de Março; a notificação do governo britânico para activar o artigo 50.º do Tratado de Lisboa e iniciar o processo de saída da União Europeia; e a apresentação do Livro Branco, a 8 de Março, encarado como o projecto de relançamento da integração europeia no pós-Brexit.

 

A "primeira etapa decisiva para perceber o futuro" de Juncker é o encontro que terá esta semana em Berlim com Angela Merkel, que lhe poderá pedir para deixar esse Livro Branco na gaveta – a Comissão queria levá-lo como contributo para os festejos do 60.º aniversário do Tratado de Roma, agendados para 25 de Março na capital italiana. A poucos meses de ir a eleições, recorda o jornal transalpino, a chanceler alemã não quer propostas que reacendam o debato doméstico sobre a Europa nem dividir os 27, "minando a sua liderança continental".

 

A reacção de Bruxelas chegou através do porta-voz da Comissão Europeia numa publicação na rede social Twitter, em que alude a "muitas notícias falsas e factos alternativos noticiados hoje a partir de Bruxelas". Margaritis Schinas sustenta que Juncker e a sua equipa têm "muito trabalho pela frente" e que "não há tempo para mexericos" (usa o termo "gossip", que em inglês se refere a um rumor ou conversa de natureza pessoal ou íntima).

 

 

As expressões "fake news" e "alternative facts" têm dominado uma grande parte do ciclo noticioso nos Estados Unidos nos últimos meses, quer durante a campanha eleitoral para as eleições realizadas em Novembro de 2016, quer já durante a presidência de Donald Trump. O uso desta mesma terminologia por parte do porta-voz de Juncker está a ser contestado por muitos utilizadores desta rede social, incluindo vários jornalistas que trabalham na capital belga. 

 

 

Esta polémica surge no dia em que o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, está em Bruxelas, onde assegurou que a administração Trump tem o "forte compromisso" de prosseguir a cooperação com a UE, frisando que os dois blocos "partilham os mesmos valores". Numa referência velada a declarações de Trump, que saudara a saída do Reino Unido da UE e antecipara até novas saídas do espaço europeu, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, advertiu: "contamos, como sempre contámos no passado, com o apoio inequívoco, e deixem-me repetir inequívoco, à ideia de uma Europa unida".

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