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PPE escolhe Juncker para "suceder" a Durão Barroso na Comissão Europeia

Sem surpresas, Jean-Claude Juncker foi o nome escolhido pelo Partido Popular Europeu (PPE) para a corrida à presidência da Comissão Europeia.

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Sem surpresas, Jean-Claude Juncker foi o nome escolhido pelo Partido Popular Europeu (PPE) para a corrida à presidência da Comissão Europeia. Juncker recolheu 382 votos contra 245 do francês Michel Barnier, actual comissário europeu do Mercado Interno.

 

O PPE, a maior família política europeia, foi o último grande agrupamento político a escolher o candidato à sucessão de Durão Barroso. O futuro presidente da Comissão Europeia será, pela primeira vez, submetido a um voto indirecto dos europeus durante as eleições para o Parlamento Europeu, agendadas em Portugal para 25 de Maio.

 

A escolha do presidente do Executivo comunitário é uma prerrogativa que permanece nas mãos dos líderes europeus. E será apenas no Verão – quiçá, no Outono – que se conhecerá o resultado de uma arbitragem sempre complexa entre os interesses de representação dos países do Norte e do Sul, grandes e pequenos, esquerda e direita, homens e mulheres, e que envolverá outros cargos que estão para vagar, designadamente o dos negócios estrangeiros europeus e do presidente do Conselho da Europeu, actualmente desempenhados pela britânica Catherine Ashton e pelo belga Herman Van Rompuy.

 

O Tratado de Lisboa abre, no entanto, a porta a que o próximo presidente da Comissão Europeia seja indirectamente sufragado pelo voto dos europeus, recebendo por essa via uma legitimidade democrática acrescida, ao instar os líderes europeus a "ter em conta" o resultado das eleições europeias. De todos os modos, o presidente da Comissão Europeia continuará a ter de ser sempre aprovado por maioria pelo Parlamento, admitindo-se que o próximo seja o mais eurocéptico de todos os tempos.

 

Barroso afasta terceiro mandato

 

O actual presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, afastou esta sexta-feira em definitivo a possibilidade de um terceiro mandato à frente do executivo comunitário, confirmando assim que abandona o cargo em Outubro próximo, no final do segundo mandato.
 

"Não. Está fora de questão", disse, à chegada ao congresso do Partido Popular Europeu (PPE), em Dublin, quando questionado pelos jornalistas portugueses sobre a disponibilidade para cumprir um terceiro mandato à frente da Comissão Europeia.

 
Decano dos líderes europeus a caminho da Comissão Europeia

Jean-Claude Juncker abandonou a 21 de Janeiro de 2013 a presidência do Eurogrupo, que reúne os ministros das Finanças dos países do euro, deixando um cargo que inaugurou em 2005 por um mandato máximo de cinco anos que se foi alongando por falta de candidaturas alternativas consensuais.

 

Decano dos líderes europeus, Juncker esteve 18 anos à frente do Governo do pequeno Grão-Ducado do Luxemburgo, onde quase um terço da população activa é portuguesa ou luso descendente, tendo sido durante 24 anos também ministro das Finanças do seu país. É o único político executivo que permanece no activo desde as negociações do “velho” Tratado de Maastricht, que transformou a CEE em União Europeia e definiu os critérios e o calendário para o lançamento do euro. 

 

Europeísta convicto, era há tempo falado para suceder a Herman Van Rompuy na liderança do Conselho Europeu, ou a Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia, cargo que recusou em 2004, porque tinha acabo de ser reeleito pelos seus compatriotas para permanecer à frente do Executivo luxemburguês.

 

Os restantes candidatos ao lugar de Durão Barroso

 

Socialistas: Martin Schulz

Foi eleito candidato com o apoio de 19 dos 32 partidos que integram a maior família de esquerda. É actualmente presidente do Parlamento Europeu e diz que, se for presidente da Comissão, as suas prioridades serão combater o desemprego entre os jovens e melhorar a cooperação entre as instituições europeias e os Estados-membros.

 

Membro do SPD, agora no governo de coligação liderado pela CDU de Angela Merkel, garante que se for para Bruxelas é para "lutar pela confiança dos cidadãos europeus e não para apoiar a grande coligação de Berlim". Mas no contexto actual, um dos maiores entraves à candidatura de Schulz será seguramente a sua nacionalidade. Há quem o veja noutros cargos: a substituir Ashton na política externa.

 

Liberais: Guy Verhofstadt

O antigo primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt acabou por ser o escolhido pelos Liberais, actualmente a terceira maior família política no Parlamento Europeu, depois de uma batalha renhida com o finlandês Olli Rehn, actual comissário europeu dos Assuntos Económicos.

 

"Temos de ser muito claros com a opinião pública e realçar que os eurocépticos populistas e nacionalistas não têm soluções para os problemas. Se querem um futuro para os filhos neste continente, é necessária uma união económica e fiscal e uma união bancária, o mais rápido possível", disse, aquando da sua nomeação. Acérrimo defensor da criação de eurobonds, chegou a afirmar que são a única via capaz de solucionar a crise do euro.

 

Esquerda Unitária: Alexis Tsipras 

O grego Alexis Tsipras tornou-se num dos rostos mais conhecidos da esquerda radical europeia quando o Syriza ficou em segundo lugar nas eleições legislativas de 2011, ultrapassando o Pasok, o Partido Socialista grego. É o candidato do Partido da Esquerda Europeia. Fundado em 2004, o PEE agrega a maior parte dos partidos comunistas europeus e seus sucessores (caso do BE português).

 

A escolha do líder do Syriza para candidato a presidente da Comissão foi justificada pelos seus pares por ser "o melhor símbolo da luta contra a troika e as políticas de austeridade". Segundo o próprio, a decisão foi motivada pelo desejo de "reunir a Europa e reconstruí-la sobre uma base democrática e progressiva".

 

Verdes: José Bové/Ska Keller

Os Verdes optaram por uma candidatura dupla, envolvendo a única mulher na corrida à presidência da Comissão. O sindicalista francês José Bové, há longos anos no Parlamento Europeu, tornou-se conhecido pela sua militância em movimentos anti-globalização, tendo sido preso em 2002 após ter participado na destruição de um restaurante da cadeia norte-americana McDonald's, e em 2003 e 2005 por ataques a plantações de organismos geneticamente modificados.

 

A alemã Ska Keller é, aos 33 anos, a única mulher mas também a mais jovem candidata a Bruxelas. Bové e Keller foram escolhidos numa eleição "primária" online em vários países que acabou por ser muito pouco participada: receberam 10% dos 100 mil votos esperados.

(Notícia actualizada com a informação dos votos)

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