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Durão Barroso confirma saída da Comissão Europeia em Outubro

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, afastou esta sexta-feira em definitivo a possibilidade de um terceiro mandato à frente do executivo comunitário, confirmando assim que abandona o cargo em Outubro próximo, no final do segundo mandato.

Bloomberg
07 de Março de 2014 às 11:15
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"Não. Está fora de questão", disse, à chegada ao congresso do Partido Popular Europeu (PPE), em Dublin, quando questionado pelos jornalistas portugueses sobre a disponibilidade para cumprir um terceiro mandato à frente da Comissão Europeia.

 

Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia desde 2014, participa hoje em Dublin no congresso do PPE que vai eleger o candidato desta família política de centro-direita a presidente da Comissão Europeia.

 

Durão Barroso afirmou ter vivido dois mandatos, "dez anos", num cargo "extremamente duro e difícil": "Foram cinco anos de crise como nunca tinha acontecido e eu acho que o bom senso manda que a pessoa ao fim de algum tempo faça outra coisa, está absolutamente fora de questão".

 

"Houve alguns chefes de Governo que mo perguntaram, mas repare, nunca ninguém fez mais que dez anos à frente da Comissão Europeia e nestas condições tão exigentes", acrescentou Barroso.

 

Questionado sobre o facto de poder haver um impasse entre os líderes europeus no Conselho para designar o novo presidente da Comissão, após as eleições europeias de Maio, - já que países como o Reino Unido têm reservas tanto relativamente a Martin Schulz como a Jean-Claude Juncker - e ter de se escolher um outro nome, Barroso notou que estes processos resultam sempre de uma negociação.

 

"Em democracia é sempre preciso ter depois as maiorias, seja nos parlamentos, seja através do povo directamente, o que se passa aí é que as regras da União Europeia são diferentes, na medida em que somos vários Estados, não somos um Estado", afirmou.

 

Rajoy e Merkel apoiam Jean-Claude Juncker para suceder a Barroso

 

Depois do ex-primeiro-ministro da Letónia Valdis Dombrovskis ter abandonado a corrida para a presidência da Comissão Europeia, restam, agora, apenas dois candidatos oficiais da família política europeia de centro-direita: Jean-Claude Juncker e o francês Michel Barnier, actual comissário europeu responsável pelo mercado interno e serviços. Juncker, antigo presidente do Eurogrupo, surge como o candidato preferido tendo já recebido o apoio de Angela Merkel e Mariano Rajoy. 

 

O PPE, hoje a maior família política europeia, é o único grande agrupamento político que ainda não escolheu o candidato à sucessão de Durão Barroso. O futuro presidente da Comissão Europeia será, pela primeira vez, submetido a um voto indirecto dos europeus durante as eleições para o Parlamento Europeu, agendadas em Portugal para 25 de Maio.

 

No segundo e último dia do congresso do PPE está prevista uma conferência em que participará o vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas.

 

Depois estão previstas intervenções dos delegados dos principais líderes políticos do PPE, como Angela Merkel, Mariano Rajoy, Durão Barroso, Herman van Rompuy, Pedro Passos Coelho ou Donald Tusk.

 

O congresso termina com uma conferência de imprensa do candidato escolhido para suceder a Durão Barroso à frente da Comissão Europeia. 

 
Durão Barroso, 10 anos na Comissão, uma história ligada à política
José Manuel Durão Barroso, 57 anos, foi nomeado em 2004 para a presidência do executivo comunitário, tornando-se o 11.º presidente da Comissão Europeia. Foi o primeiro português a ocupar o cargo, para o qual foi reconduzido em 2009, para um novo mandato que termina a 31 de Outubro próximo. Deixará a liderança do executivo comunitário após 10 anos, longevidade apenas igualada pelo francês Jacques Delors.

Durão Barroso nasceu em Lisboa a 23 de Março de 1956 e é tido, na forma como vê a política, como "frio, calculista, formal e racional".

O momento decisivo para enveredar pela política ocorreu a 25 de Abril de 1974 - dia que considera o "mais importante" da sua vida -, quando assistiu à Revolução dos Cravos em pleno Largo do Carmo, local simbólico da queda do antigo regime em Portugal.

Já estudante do curso de Direito, juntou-se ao Movimento Revolucionário do Proletariado Português (MRPP, extrema-esquerda), onde surpreendeu pelos discursos inflamados e radicais. Além também, também participou na invasão das instalações da Radiotelevisão Portuguesa (RTP) para explicar o que o opunha ao Partido Comunista Português (PCP).

O corte com o passado ocorreu em 1977, quando o pai morreu. Mudou-se para Genebra e Washington, onde prosseguiu estudos.
 
Em Dezembro de 1980, tornou-se militante do Partido Popular Democrático-Partido Social-Democrata (PPD-PSD), regressando a Portugal durante os governos de Aníbal Cavaco Silva - actualmente Presidente da República -, primeiro como secretário de Estado Adjunto do ministro da Administração Interna, depois como secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação e, por fim, como ministro dos Negócios Estrangeiros.

Em 1999, Barroso assumiu a liderança do PSD. Nas eleições autárquicas de 2001, a derrota do Partido Socialista levou o primeiro-ministro António Guterres à demissão. O Presidente da República, Jorge Sampaio, convoca eleições antecipadas. A 17 de Março de 2002, o PSD ganha as legislativas, tornando-se realidade a frase que, um ano antes, Durão Barroso proferira numa entrevista: "Sei que vou ganhar, só não sei quando".

A vitória do PSD nas legislativas, embora sem maioria absoluta, levou Durão Barroso a negociar uma coligação governamental com o Centro Democrático Social/Partido Popular (CDS/PP) de Paulo Portas, que permitiu formar o executivo.

Após pouco mais de dois anos como primeiro-ministro, Durão Barroso - que fala fluentemente francês e inglês - é nomeado presidente da Comissão Europeia, tendo iniciado o seu primeiro mandato em Novembro de 2004.

À frente da Comissão Europeia, enfrentou o "chumbo" do Tratado Constitucional (2005), que levaria à sua "substituição" pelo Tratado de Lisboa (2007), participou nas negociações de dois orçamentos plurianuais da União Europeia (2007-2013 e 2014-2020). O segundo mandato foi marcado, sobretudo, pela crise económica e financeira, que condicionou e praticamente dominou a agenda europeia nos últimos anos.

 

 

 

(Notícia actualizada às 11h46 com mais declarações de Durão Barroso; actualizada às 13h14 com história política de Durão Barroso)

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