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Marine Le Pen chama "escória" a autores dos motins em França
A candidata da extrema-direita aproveita os violentos confrontos nos arredores de Paris para atacar o "laxismo generalizado" no poder político e judicial, e reiterar que "a segurança não é um privilégio, mas um direito fundamental".
Ao fim de quase dez dias de protestos violentos em várias localidades nos arredores de Paris, Marine Le Pen criticou esta segunda-feira, 13 de Fevereiro, o silêncio do governo francês que "reflecte tanto a sua covardia como a sua impotência" perante estes episódios que "envergonham" o país.
Num comunicado à imprensa divulgado esta tarde, a candidata da extrema-direita lamenta os "danos consideráveis" nos bens públicos e privados causados por esta onda de violência e afirma que as forças de segurança estão a ser alvo de um grupo de indivíduos que apelida de "escória" ["racailles", no original em francês], que "ninguém dissuade". Incluindo a Justiça, acrescenta, "num contexto de laxismo generalizado".
A expressão pejorativa utilizada pela candidata anti-imigração, que lidera as sondagens para a primeira volta das Presidenciais de Abril, tem sido usada nas últimas horas também por outros elementos do seu partido. Foi o caso do vice-presidente, Florian Philippot, que este domingo defendeu prisão perpétua ou a expulsão imediata dos manifestantes, no caso de serem estrangeiros.
Des racailles contre une fillette de 6 ans ! sauvée de justesse du feu. Pour eux :expulsion immédiate s'ils sont étrangers ou prison à vie ! pic.twitter.com/kPHeMaiET2
— Florian Philippot (@f_philippot) February 12, 2017
Os confrontos em França, que se têm repetido todas as noites, começaram a 5 de Fevereiro depois de quatro polícias terem sido acusados de atacar um rapaz negro, de 22 anos, em Aulnay-sous-Bois. Uma zona próxima daquela onde, há 12 anos, teve início uma onda de tumultos que acabou por se espalhar pelo país. A sobrinha da cabeça-de-lista, Marion Marechal Le Pen, já reclamou que "o apoio a Theo é uma desculpa para atacar os polícias".
"Recordamos que o nosso país está numa situação de estado de emergência. Mas de que serve ela se o governo se recusa a utilizar os meios de que dispõe para manter a ordem pública e fazer respeitar a autoridade do Estado? A segurança não é um privilégio, mas um direito fundamental que deve ser restaurado por todos os franceses", escreveu Marine Le Pen, apontando à "indiferença total" das autoridades.
A pré-campanha eleitoral em França começa a subir de tom à medida que se aproxima a ida às urnas, agendada para 23 de Abril. Uma sondagem da Opinionway mostra que o ex-ministro da Economia Emmanuel Macron, que concorre como independente, é o mais bem colocado para derrotar Marine Le Pen na segunda volta, a 7 de Maio: consegue 63% dos votos, contra 37% da líder da Frente Nacional, que já prometeu aquilo que seria uma custosa saída do Euro e da União Europeia.
Também esta segunda-feira foram divulgadas as suspeitas do partido de Macron de que Moscovo se está a "intrometer" na campanha presidencial, à semelhança do que aconteceu nos Estados Unidos. O secretário-geral do partido "En Marche!", Richard Ferrand, denunciou a difusão de notícias falsas para veicular rumores e ataques informáticos à candidatura com origem na Rússia, alegando um favorecimento de Vladimir Putin a Marine Le Pen.