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"Frexit" pode custar 30 mil milhões de euros por ano

O Governador do Banco de França alerta para os elevados custos da saída do Euro e da União Europeia, propostos por Marine Le Pen, que quer redenominar numa nova moeda cerca de 80% da dívida pública do país.

Bloomberg
13 de Fevereiro de 2017 às 11:25
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O governador do Banco de França estimou que a eventual saída do país da Zona Euro (já conhecido como Frexit) iria aumentar os encargos da dívida em 30 mil milhões de euros por ano, advertindo que os planos de Marine Le Pen, em caso de vitória nas eleições francesas, vão fazer disparar os custos e obrigar o banco central a financiar os gastos governamentais.

 

Em declarações a um programa da rádio France Inter, emitido esta segunda-feira, 13 de Fevereiro, François Villeroy de Galhau dramatizou os custos para o Tesouro francês, caso avance a proposta da Frente Nacional de redenominar numa nova moeda cerca de 1,7 biliões de euros, ou 80% dos 2,1 biliões de euros em dívida pública, logo nos seis primeiros meses de Le Pen no Palácio do Eliseu. Os restantes 20% estão abrangidos pela lei internacional e têm de se manter em euros.

 

Segundo fontes do partido citadas na sexta-feira, 10 de Fevereiro, pelo Financial Times, nesta proposta, cada euro seria denominado numa unidade da nova moeda (na relação de um para um), mas deixando em aberto a possibilidade de desvalorização da nova divisa para garantir competitividade à economia, nomeadamente às exportações.

 

Villeroy de Galhau (na foto) preveniu na entrevista a Alexandra Bensaid que esta forma de "monetarização" da dívida é proibida nas maiores economias do mundo e que as medidas preconizadas por Le Pen ameaçam a independência da instituição que lidera. Um pilar central no programa eleitoral é acabar com a dependência de França do financiamento no mercado, advogando uma mudança de leis para permitir o financiamento directo do Banco de França ao Estado Social e à dívida nacional.

 


François Villeroy de Galhau : "Avec l'euro... por franceinter

 

Várias agências de "rating" já alertaram que, se a França sair do euro, a conversão da actual dívida na nova moeda que vier a ser criada arrisca gerar o maior incumprimento soberano de sempre. O potencial "default" – poderia multiplicar por dez a maior reestruturação de dívida feita até à data, os 200 mil milhões de euros de dívida grega em 2012 –, faria colapsar a moeda única e ameaçaria o sistema financeiro mundial.

 

A alteração da denominação, combinada com a saída do euro, é o interruptor que, para a Moody’s (que classifica a dívida com um rating Aa2, estável), levaria a declarar a situação de incumprimento. "O teste para nós é se os investidores vão conseguir recuperar o valor que investiram e no momento esperado", afirmou Alastair Wilson, o director de ratings soberanos da Moody’s.

 

Além de tirar a França do Euro e da União Europeia, a líder da extrema-direita, que se apresentou a 5 de Fevereiro como a "candidata do povo" que vai "pôr a França primeiro", promete abandonar a NATO, "revitalizar o sentimento nacional", conter a imigração no país e criar um novo imposto sobre contratos laborais com estrangeiros. Prometeu ainda "tolerância zero" com a delinquência e quer acabar com as segundas oportunidades para os "potenciais terroristas" estrangeiros, que serão expulsos do território.

 

Uma sondagem recente feita pela Elabe para o jornal económico "Les Echos" colocou Marine Le Pen como a vencedora da primeira volta das eleições francesas. No entanto, perderia numa segunda volta contra Emmanuel Macron, 39 anos, com os estudos de opinião a darem uma votação de 65% ao candidato centrista, contra 35% das intenções de voto para a responsável da Frente Nacional.

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