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França arrisca juros de 10% com saída do euro

A estimativa é do JPMorgan, que antevê uma fuga massiva de investidores caso a saída de França do euro venha a ser uma realidade. Ao pé desse cenário, o Brexit seria um "passeio no parque", considera o banco.

Reuters
10 de Março de 2017 às 13:44
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O banco internacional JPMorgan estima que a possível saída de França do euro – defendida por Marine Le Pen, a candidata presidencial da extrema-direita que lidera as sondagens, – levaria ao disparo dos custos de financiamento de Paris nos mercados internacionais, colocando os juros a dois anos nos 10%.

Num cenário de vitória e de cumprimento das promessas de Le Pen – algo em que o JPMorgan diz não acreditar -, tal valor seria o mais elevado em 27 anos para a 'yield' associada às obrigações com maturidade mais curta. A dez anos, o valor poderia aumentar para os 5,7%, no nível mais elevado desde 1997.

Na sessão desta sexta-feira, 10 de Março, os juros dos títulos a dois anos negoceiam em mercado secundário nos -0,488% (entraram em terreno negativo em Dezembro de 2014), enquanto as ‘yields’ a dez anos transaccionam nos 1,09%. 

Além disso, depois da redenominação dos actuais títulos de dívida para a moeda que viesse a substituir o euro em terras gaulesas (até agora referido como "novo franco"), os juros de França a dez anos deveriam estabilizar em torno dos 4%. Uma barreira que nos últimos meses tem sido rondada pela dívida portuguesa, beste caso perante sinais de redução do programa de compras e retirada de estímulos do BCE.

De acordo com o Financial Times, que cita o banco internacional, os efeitos de uma saída de França da moeda única fariam as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia – um processo ainda envolto em incertezas – parecer um "passeio no parque".

O JPMorgan estima que cerca de 60% do total da dívida emitida por França (excluindo o pacote comprado ao abrigo dos estímulos do BCE) esteja em mãos de investidores estrangeiros e que corresponda a mais de um bilião de euros.

No terceiro trimestre do ano passado, de acordo com dados da Agence France Trésor, que gere a dívida francesa, 60,1% da dívida soberana estava na mão de credores internacionais, um valor que contrasta com o valor no final de 2009, de 67,8%.

Um episódio de fuga massiva de um terço dos investidores – em resposta à depreciação da moeda, ao aumento da inflação e possíveis novas reestruturações - poderia significar a saída de 400 milhões de euros destes títulos, o que poderia levar a autoridade monetária nacional a implementar medidas de controlo de capitais.

Há um mês, várias agências de rating estimavam que com a saída do euro a conversão da actual dívida na nova moeda que vier a ser criada arriscaria gerar o maior incumprimento soberano de sempre.


Na altura, estimavam que a redenominação para a nova moeda a criar viesse a incluir cerca de 1,7 biliões de euros, ou 80% dos 2,1 biliões de euros em dívida pública. Sendo que os restantes 20% estão abrangidos pela lei internacional e têm de se manter em euros.

"Se um emissor não aderir às obrigações contratuais para com os seus credores, incluindo o pagamento na divisa estipulada [neste caso o euro], declarar-se-ia um ‘default’," defendeu Moritz Kraemer, o director de rating de dívida soberana da S&P.

No início do ano Le Pen defendeu que os países da Zona Euro deviam abandonar a moeda única e regressar ao ECU, o sistema monetário que existiu na União Europeia antes de 1999, permitindo a convivência do futuro franco com outras moedas nacionais europeias. A Frente Nacional advoga ainda a mudança das leis para permitir o financiamento directo do Banco de França ao estado social e à dívida nacional.
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