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Le Pen explica aos bancos como quer tirar a França do euro
Pela primeira vez os mercados financeiros querem perceber os planos do partido francês de extrema-direita, um sinal de que estão a atribuir uma maior probabilidade à vitória de Marine Le Pen nas presidenciais.
Assessores de topo de Marine Le Pen mantiveram nos últimos dias reuniões com responsáveis de grandes bancos mundiais, onde detalharam os planos do partido de extrema-direita para retirar a França do euro em caso de vitória nas presidenciais de Abril e Maio.
A notícia é avançada pela Bloomberg, que dá conta que estas reuniões entre responsáveis dos partidos e a banca são normais, embora seja a primeira vez que tal acontece no caso da Frente Nacional. Um sinal de que os mercados estão a encarar de forma mais séria a possibilidade de Marine Le Pen chegar ao Eliseu.
Estas reuniões aconteceram a pedido dos próprios bancos, que querem preparar-se da melhor forma para o cenário de vitória da extrema-direita. Decorreram em Paris, Bruxelas e Estrasburgo, com os assessores de Le Pen a reunirem-se com instituições financeiras como o Barclays, UBS e BlackRock.
"Estes especialistas vêem a possibilidade de Le Pen ser a próxima presidente de França e estão a preparar-se para isso", afirmou à agência de notícias Bernard Monot, principal assessor económico da candidata da Frente Nacional.
Os bancos partiram para as reuniões com ideias "pré-concebidas", pensando que "queremos quebrar tudo. Mas dissemos-lhes que vamos honrar a assinatura francesa e estamos comprometidos em manter a estabilidade financeira, económica e monetária do país", afirmou Monot, acrescentando que "quando lhes dissemos isto tudo, ficaram tranquilos e até surpreendidos".
Os planos económicos de Le Pen já são conhecidos e estão centrados no "Frexit", retirando a França da Zona Euro, num processo que poderá passar por uma saída unilateral, ou de preferência, por "desmantelar" a região da moeda única.
A Frente Nacional pretende ainda avançar com intervenções no mercado cambial, impor tarifas sobre as importações e acabar com a dependência de França do financiamento no mercado, passando o Estado a financiar-se junto do banco central do país.
Planos que já foram analisados pelas agências de rating, que traçaram um cenário bem negro. Se a Frente Nacional chegar ao poder em França e cumprir a promessa de sair do euro, a conversão da actual dívida na nova moeda que vier a ser criada arrisca gerar o maior incumprimento soberano de sempre.
O governador do Banco de França também já fez as contas ao "Frexit", estimando que a eventual saída do país da Zona Euro iria aumentar os encargos da dívida em 30 mil milhões de euros por ano.
Tendo em conta as sondagens mais recentes, a probabilidade de Le Pen chegar ao Eliseu ainda parecem remotas. A candidata da Frente Nacional deverá ganhar a primeira volta, mas ser derrotada depois qualquer que seja o seu adversário.