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Margarida Marques: "A prioridade da UE é apresentar resultados para os excluídos da globalização"

A secretária de Estado dos Assuntos Europeus considera que a globalização teve um papel fundamental nos dois acontecimentos, criando uma bolsa de excluídos que votaram no referendo e nas eleições dos EUA.

Miguel Baltazar
23 de Novembro de 2016 às 12:09
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Não é uma teoria nova: as características demográficas de quem votou "sim" ao Brexit têm algumas semelhanças com uma das fatias de eleitores mais decisivos para a eleições de Donald Trump nos Estados Unidos. Margarida Marques sublinhou precisamente esse paralelismo durante a sua intervenção na Grande Conferência 2016 do Negócios, organizada esta manhã no ISCTE.

 

"Brexit não é igual ao resultado das eleições nos EUA, mas tem uma génese semelhante", frisou a governante. "Um movimento dos que reagem contra os beneficiários da globalização: os excluídos da globalização e os populistas que os conseguiram mobilizar. Temos assistido a um crescimento dos movimentos independentistas, racistas, xenófobos…"

 

Em relação à Europa, Margarida Marques questiona-se sobre o médio prazo, com várias eleições e referendos a deixarem em suspenso o futuro do projecto europeu. "As eleições que ocorrerão na Europa em 2017 confirmarão essa tendência? Esperemos que não, mas o desafio existe e tem a ver com a unidade europeia."

 

Mais à frente, a secretária de Estado dos Assuntos Europeu voltaria ao tema, quando questionada sobre o deve a Europa fazer. "A União Europeia tem apresentado poucos resultados. A prioridade da UE é apresentar resultados para os excluídos da globalização. Contestam o mainstream e os partidos tradicionais, porque entendem que esses partidos não lhes deram respostas."

 

E o que mudará na relação entre a UE e os EUA? A governante nota que "a Europa terá de lidar com o Brexit e os EUA com a eleição de Donald Trump", mas avisa que ambos os acontecimentos terão efeitos do outro lado do Atlântico. O mais óbvio será nos acordos comerciais, em concreto, o TTIP que, nesta altura, está "suspenso". Margarida Marques refere que não deixaria de ser irónico que depois de tantas críticas na Europa, o tratado de comércio acabasse por morrer nos EUA.

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