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Marcha atrás no Brexit seria "catastrófico" para a democracia

Na véspera do voto decisivo no Parlamento britânico, Theresa May avisa os deputados que é mais provável o Reino Unido permanecer na União Europeia do que sair sem um acordo.

Simon Dawson/Bloomberg
14 de Janeiro de 2019 às 09:35
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Na véspera da votação do acordo de saída da União Europeia, que já tinha sido adiada em dezembro devido ao risco de ser rejeitado por uma margem significativa de deputados, Theresa May lança um apelo dramático para que seja aprovado o plano negociado com Bruxelas, avisando mesmo que é mais provável o país permanecer no bloco europeu do que abandoná-lo sem um acordo.

 

Num discurso que vai ser proferido numa fábrica de Stoke-on-Trent, localidade situada 217 quilómetros a Norte de Londres que foi uma das que mais defendeu o Brexit na votação de 23 de junho de 2016, a primeira-ministra britânica prepara-se para alertar os deputados que têm "o dever de implementar o resultado do referendo" no qual 52% dos eleitores votarem a favor.

 

"E se nos encontrássemos numa situação em que o Parlamento tentasse tirar o Reino Unido da União Europeia, contra o voto pela permanência? A confiança dos cidadãos no processo democrático e nos seus políticos iriam sofrer danos catastróficos", sublinha Theresa May, num discurso antecipado pelo seu gabinete a vários órgãos de informação, como a Bloomberg.

 

É esta terça-feira, 15 de janeiro, que o Parlamento britânico vai votar a proposta para a saída. No entanto, a líder do governo conservador tem encontrado oposição, especialmente em relação à solução de salvaguarda para a província britânica da Irlanda do Norte, conhecida por "backstop", que é contestada tanto por adeptos como por opositores ao Brexit devido ao risco de deixar o pais "indefinidamente" numa união aduaneira sem poder sair unilateralmente.

 

Pouca margem em Bruxelas

 

A data estipulada para a saída da União Europeia é o dia 29 de março de 2019, ou seja, dois anos depois do lançamento oficial do processo. Porém, como o Guardian adiantou este domingo, citando uma fonte oficial, o Executivo comunitário poderá estender essa data até, pelo menos, o mês de julho. Mais do que uma reabertura do processo – Bruxelas tem vindo a repetir que não há margem para operar novas cedências – será uma extensão "técnica" para dar tempo a May para rever e retificar o acordo alcançado com os parceiros europeus.

 

Enquanto os apoiantes do Brexit insistem que a sucessora de David Cameron devia pressionar um regresso à mesa negocial com os parceiros europeus, vários estudos avisam para o caos que seria uma saída da União Europeia sem quaisquer acordos comerciais firmados. Uma dessas análises é do Banco de Inglaterra, que além de afetar a libra e os preços das casas, avisou que este cenário iria provocar uma recessão pior do que a causada pela crise financeira de 2008.

 

Em caso de saída sem acordo assinado, Portugal tem um plano de contingência para entrar em ação. O capítulo referente aos cidadãos foi apresentado na semana passada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. Por outro lado, todas as medidas sobre os serviços financeiros essenciais, transporte e circulação de pessoas, por exemplo no que diz respeito à necessidade de vistos, são tomadas a nível europeu.

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